Fragmentos de mim: outubro 2012

sábado, 27 de outubro de 2012

RECOMEÇO

Os seres que unem,
Os seres que partem,
Os serem que me partem ao partir:
A vida é movimento, pensamento,
Mero fragmento...
Desalento em pleno relento,
Viver é mais que isolamento,
Viver é agir...
Agir é arte,
Artesanato de fazer valer a pena cada vez que se enche o pulmão de ar...
Não, não pode ser à toa, a vida não é apenas boa,
A vida é movimento  lento, é alento,
Talento de ser eterno caçador de momentos.
Os seres se unem,
Os seres desunem,
Os seres que me partem quando partem,
Ficam em mim:
A vida é guardar, mesmo quando não se quer...
Guardar o bem para recordar,
Guardar o mal para aprender... a melhorar.
Abandonar pesos, dizer adeus aos que partem,
A vida é partir:
Partir corações, compartilhar emoções,
Juntar os pedaços de si,

A vida é RECOMEÇAR.

sábado, 20 de outubro de 2012

Um salve...

Um salve à essa aventura linda e cheia de mistérios chamada VIDA!
Um salve a cada instante vivido, cada ferida aberta,
Se há dor é porque há vida, é porque estou pronto a sair em busca da cura...
Um salve a cada ser que faz de si templo de suas próprias vivências
E um salve a quem não sabe fazê-lo:
Esse são a prova de que vencer não é para qualquer um!

Um salve ao grito de liberdade que me sufoca a garganta...
Ele é a prova de que preciso ser livre e de que a vida jamais me prendeu...
Um salve à poesia, que me liberta de todas as minhas ânsias,
É a linguagem com que falo com meus fantasmas.
Afinal, diálogos são indispensáveis!

Um salve a cada dia que nasce, com ele a vida se renova,
E com ela, eu me renovo e nasço novamente...
Um salve a cada dia que termina, com ele o que se tornou velho em mim se vai,
E um salve mais que especial, ao tempo que passa,
Ele que mostra as verdades, consolida vivências,
Sara as feridas que a vida abriu,
Ensina em silêncio e sem ceder aos apelos cegos das almas em devaneios...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os objetos da bagagem...

Descobri que estou andando em uma caminhada sem volta,
Rumo a um destino que não sei quando alcançarei.
E, nesta caminhada, a pé, sou apenas um andarilho
Com a pele queimada pelo sol, os pés cansados de pisar o chão...
Percebi que minha bagagem andava superlotada,
Com coisas que pouco usava, quando não, inúteis,
Mas que eu amava com toda a força do meu coração.

Decidi, então, não guardar nada que me pesasse na caminhada da vida...
Percebi que há coisas, seres que pesam e outros que tornam a caminha mais leve,
Tristemente, vi que as últimas são minoria,
Os primeiros, tão belos bibelôs de gesso, pesavam e não me serviam...

Foi com uma dor infinita que percebi suas insignificâncias,
Procurei um lugar no caminho e, lentamente, olhando bem,
Para nunca esquecer seus detalhes, eu os fui abandonando,
Depois, procurei não olhar para trás a fim de não perder o medo de abandoná-las...
Agora sinto a bagagem bem mais leve...

Inevitavelmente, volta e meia coloco a mão na bolsa,
Nos lugares que meus tão amados bibelôs ocupavam,
Como antes fazia para sentir a presença dos que se foram,
Encontro apenas um espaço frio e vazio e,
Involuntariamente, lágrimas de saudade de suas presenças banham-me a alma e o rosto cansado.

Às vezes, sinto vontade de voltar e tentar recuperá-los,
Pedir perdão pelo abandono, mas percebo que a vida é um caminho sem volta.
E se não o fosse, voltar andando, colocá-los de volta na mochila e suportar seus pesos
Tornariam minha caminhada impossível...

Faz pouco tempo que percebi que há muito estou nesta estrada,
Percebi com saudades e dor na alma pela ausência,
Que os bibelôs não me serviam, apenas pesavam e tornavam a caminhada mais penosa...
Notei que, imperceptivelmente, impulsionada pela dor do cansaço,
Optei pela dor da ausência e por uma caminhada talvez mais dolorosa e solitária,
Mas, certamente, menos pesada.

Porque ainda não conheci caminhos sem dores...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Com você...

Com você sou carente, inocente, indecente
Com você sou, simplesmente, gente.
E gente no sentido mais completo da palavra.

O amor me permite receber-te aqui,
Guardar você em mim como o faz um porta-joias,
Como um cofre que, secretamente, esconde todos os segredos,
Todos as riquezas, toda uma vida.

O amor me permite ser pura para você,
Puramente eu, com todas as minhas mediocridades,
Falhas e piores falas...
Com toda a minha fraqueza e franqueza...

Parece que diante de você sou só defeitos,
Sou falha, frágil e incapaz,
Sou "a mulher das tarefas inacabadas".
Talvez porque, estando com você, sou apenas verdades...

Até mesmo as minhas priores verdades.
Por isso, com você sou mais...