Fragmentos de mim: outubro 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Inutilidades...

Há tempos percebi que tentar esconder-se é inútil. A um bom observador, tudo são pistas e nossa personalidade vaza pelos poros invisíveis de nossas palavras.

Inusitada é a forma como descobri isso. Ele me apareceu do nada, tão belo, tão belas as suas palavras e seus gestos que minha vida, desde aquele dia, transformou-se em luz. Ele me preenchia dos mais belos sentimentos e despertava-me para as coisas que eu achava mortas em minha vida. Estar com ele era a minha missão, cultuar a beleza dele era o meu alimento. Eu estava feliz assim.

Não, ele não me amava. Eu sabia disso. Mas eu o amava da forma mais linda, pura e nobre possível e isso me deixava feliz. Feliz e consciente de minha condição de amante não-amada. Interessante, mas através dele percebi que, assim como acontece com o canto dos pássaros, com as pessoas também é igual. Quanto mais triste mais belo. Os sentimentos tristes possuem uma beleza esplêndida, talvez por serem mais verdadeiros e revelarem o que vai em nosso coração.

Ele reclamava das coisas com as quais não concordava e eu me completava com isso, pois as reivindicações dele também eram as minhas. É... mas o tempo passou... ele reclamava de abandono e hoje eu reclamo o abandono dele para comigo. Foi lento que aconteceu... aos poucos ele me foi deixando só, dando-me a chance de fazer dele, as reclamações que ele me fazia de outras pessoas...

Mas eu não reclamo, eu o guardo em mim... ele é sagrado para mim...

Não sei o que sinto. Além de uma saudade imensa daquilo que eu pensei ser a verdade dele, percebo que fez comigo o que já fizeram com ele... [eu também devo estar fazendo o mesmo com alguém] não adianta esconder-se da vida, não adianta esconder-se do que somos, pois a verdade é denunciada por nós mesmos. Se, por um lado, calar-se demonstra não se sabe o quê, por outro, o falar denuncia exatamente aquilo que gostaríamos de esconder.

A inutilidade da palavra está nisso... mostra o que não se quer mostrar. A inutilidade do ser está nisso... amar efemeramente. Mas é inevitável esperar algo diferente, afinal, como o efêmero poderia amar eternamente? A beleza está no ser contraditório. É diante desta contradição que minhas palavras me traduzem, que não projeto um discurso agora... mas que simplesmente solto palavras que me definem e que me mostram por dentro.

UM FRAGMENTO DE MIM... um abandono, uma saudade... INUTILIDADES.