Fragmentos de mim: 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Meus versos ocultos

Tanta poesia já me veio à mente e foi embora... falta de tempo para transformar em palavras o que a alma canta, sente, vê...
Tanta poesia guardada no silêncio da alma, sentida no íntimo do ser
Tanto Sentir oculto na sombra da solidão, eternizado na memória,
eternamente desconhecidos ... aparentemente vãos...

Perder-se na poesia do ser, sentir-se só ao sentir,
Buscar nisso um sentido provavelmente inexistente...
Tantos pensares, quantos pesares tão inúteis e tão profundos
Esvaziados na poeira do tempo que tudo muda e muito apaga,
Se não apaga, torna opaco com sua "poeira natural"...

O que seria tudo isso senão uma busca eterna por amar?
Seria isso viver? ou seria o oposto?
Não sei, não pretendo saber.. .talvez, jamais saberei aonde me levará todo o meu sentir,
Meu sentir é só, sem imagem,
É um caminho repleto de mistérios, de curvas e desdobramentos
Sempre escolhidos sem a certeza do que me aguarda.

Minha poesia é sem rumo, como o meu viver, como o meu amar
Meu amar é cego e insano, de fome insaciável,
Pois infinito é meu vazio se me falta o alimento de que minha'alma necessita...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Os extremos

Ah, a vida e seus extremos...
Tão contrários e distantes
Tão tênue a linha que os separa,
Conceitos frágeis, eternos, ateus, cristãos...
Uma loucura sã, uma sanidade louca.

A vida e seus extremos tão opostos que se confundem,
Fundem-se.
Formam-me e deformam, às vezes.
Perco-me no encontro que me descobre
E acho-me descoberta de mim mesma.

Os extremos dos entes que são às claras
Deformam-se na penumbra do tempo que tudo mostra,
Que o sentir apaga e modifica a forma, transforma
Deforma o ser que sente, torna dor o Amor,
Desabrocha o botão em flor que morrerá.

E um poema pobre e sem fim,
Sem o extremo oposto do começar.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

As Primaveras do Futuro

Às vezes, abrir os olhos significa perceber-se completamente cego. É como se o mundo e as coisas que há nele buscassem mostrar o quanto é imenso o contraste entre ele e nós, meros seres de efêmera existência. É como se estivéssemos nus diante de tudo e, especialmente, diante de nós mesmos e buscássemos ardorosamente nos cobrir, nos corrigir. Sentimo-nos cegos, frágeis e tão pequenos que, imperceptivelmente crescemos, brotamos como um botão discreto que em um dia, do nada, aparece em forma de bela flor.
Entretanto, as ilusões passam, as alegrias perdem o sabor e a rosa, assim como em um belo dia desabrochou, em outro, perde seu perfume e suas pétalas. Mas a primavera volta e, com ela, novas flores virão dotadas com a sabedoria do passado e com a beleza do presente.
Difícil é acreditar nisso quando a única coisa que se enxerga são os escombros do coração, ao sentir a dor de um ferimento invisível e nem por isso menos concreto. Resta, às vezes, não mais a esperança, mas a certeza de que o tempo - com sua lentidão e sabedoria - tudo cura, tudo sara, tudo conserta.
Ah, felicidade, és tão próxima e tão distante! Há uma barreira tão ínfima entre você e a lágrima, uma barreira tão transparente quanto cristal que nos torna capazes de te ver de forma tão nítida a ponto de acreditarmos ser possível tocá-la.
Jamais a tocarão, contudo, aqueles que acreditam que não a alcançarão, pois felicidade é fruto da sabedoria que somente o amor constrói ao preencher o interior de cada ser vivente. Pois é a partir de dentro que se vive, é a partir de dentro que se ama e é partindo do interior mais indecifrável que se é feliz, até mesmo quando se deixa cair uma lágrima.

domingo, 25 de setembro de 2011

Dias e dias...

Os dias passam depressa demais, mas também são muito lentos...
Ao passo que quero tanto liberdade, sou sufocado por ela.
Estou cansado de algumas coisas que me são vitais.
E agora? Como seguir? O que fazer?

São tantas mortes, tantas dores, tantas flores e cores que me tornam tão sem cor,
Tão sem mim...
Perco-me na imensidão do mundo em busca de algo que não sei bem do que se trata.
É... sou feito de tudo isso: de coisas que conheço e de outras indizíveis...
Simultânea a extração do néctar,
A vida também me obriga a provar lenta e detalhadamente o sabor do fel.
Viver é agridoce.

Não deveria, mas
Frequentemente esqueço-me de que o óbvio é o essencial.
É... estou envelhecendo e a lentidão começa a se fazer sentir em mim.
Não a lentidão da decadência, mas aquela da apreciação de cada detalhe...
Admira-me tanto a instantaneidade dos jovens em tudo,
Como são rápidos em recuperar-se, como passam depressa suas dores...
E quantos detalhes perdem...
Quão inocentes são, rio de tudo isso! Rio de mim tantas vezes

Invejo, porém, a rapidez com que saram as suas feridas,
Em mim jamais foi assim,
Acho que jamais fui jovem...
Ao contrário, vivo embriagado de vida,
Absintido de amar,
Afogado nos desejos de uma vida que me escapa a cada segundo e sem volta.
Sou a melancolia do Ser.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Autorretrato Subjetivo [2]

Sou como uma folha ao vento, guiada pela vida sem um destino certo.
Sou a soma de cada dia,
A subtração de cada dor,
A pureza de cada lágrima que me lava ao cair...
Sou o fruto de cada sonho que vivi quando sonhei,
A sanidade de meus devaneios, tão cheios de amor e paz...

Sou a poesia que fala ao calar,
Que grita em silêncio a minha dor,
Que denuncia a todos meus mais profundos segredos.
Sou a face oculta de mim,
Um começo sem busca de fim,
A negação de meu próprio "sim",
A alegria que chora,
Sou o meu sorriso naturalmente melancólico...

Sou a minha própria alma
E nela me perco, e com ela busco,
E inteiramente nela espero o que não tem nome,
Não tem rosto...
Tem apenas sabor, e é tão somente essência
A essência de mim...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

APOLOGIA AOS VALORES PERDIDOS

Sinceramente,
Prefiro aqueles que, por serem superiores, entendem o sentido de servir,
Os que não perderam a paz por falar a verdade,
Que não se despiram da beleza por se apresentar sem maquiagem,
Que com apenas um “sim” ou um “não” demonstram toda a sua coragem...

Pra falar a verdade,
Prefiro aqueles que por serem elegantes, são simples,
Que, por serem sábios, são humildes,
Que por saberem muito, ensinam a sentir...

Sinto dizer que,
Estamos carentes dos que param para ouvir,
Dos que, ao calar, dizem muito, fazem muito,
Valem mais.

Preciso falar,
Estou farta dos que falam sem pensar,
Dos que julgam sem saber,
Dos que fazem sem sentir,
Dos vivos sem alma,
Dos espíritos vazios,
Dos valores perdidos,
Dos que nem sabem que “são”.
 

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Onde foi que eu errei?

ONDE FOI QUE EU ERREI? Sempre que alguma coisa não sai como gostaríamos, é este o questionamento que nos vem à mente. E mais, quanto maior o esforço e a dedicação que legamos a algo, maior o nosso constrangimento diante da frustração de termos agido errado.
Erramos sempre e nunca nos habituamos com isso. É sempre como se fosse a primeira vez, mesmo quando o erro é o mesmo de antes. Às vezes, parece que errar é carga negativa que somos obrigados a carregar a vida inteira. Julgamo-nos incapazes, inferiores, verdadeiros monstros que, de maneira imperdoável cometeu o erro de querer bem demais, amar demais, esperar demais, negar-se demais às oportunidades que nos vieram e não fomos capazes de enxergar na hora certa.
Erramos quando julgamos ruim quem não conhecemos devidamente, quando julgamos perfeito alguém apenas porque o amamos, fechamos os olhos aos nossos defeitos apenas por serem nossos. E nos decepcionamos, castigamo-nos quando nosso orgulho destrói algo que julgávamos estar construindo.
Se alguém nos decepciona, a culpa é dele. Se os outros nos machucam, a culpa é deles, se nada deu certo, a culpa é dos outros! Culpa, culpa e culpa... É uma palavra que pesa, um conceito que machuca e fere de maneira impiedosa como se tívessemos cometido o pior dos crimes.
Entre a culpa e o arrependimento, fico com o segundo: Prefiro seguir em frente a sofrer por coisas que não voltam. Ao decepcionar-se com o outro, que tal lembrar que cada um é como é e que a maneira como o vemos é um conceito nosso?
Se nos sentimos feridos quando a alguém nos machuca, não é por que o outro simplesmente mudou, mas sim porque naquele momento estamos entrando em contato com um fragmento dele que ainda não conhecíamos. No seu todo, o ser humano é indecifrável e nosso olhar limitado a respeito do outro (e por que não de nós mesmos) faz com que os percebamos como traidores e volúveis, de personalidades com caracteres efêmeros e frívolos, quando na verdade, cada um é como é e age de acordo com cada situação, vontades e interesses próprios.
Não é que a hipocrisia não exista, ou que todos sejam bonzinhos. Ao contrário, trata-se de lembrarmos de que se os outros nos surpreendem (positivamente ou negativamente) não é porque ele mudou de um instante para o outro.
Trata-se também de saber que as coisas não deram errado somente porque não saíram como queríamos, mas que deram certo de acordo com a condução que demos a elas. Dizer sim sempre não é amar, bem como perdoar não é sinônimo de fraqueza. Tudo depende de nossa aceitação e honestidade com todos, especialmente com aquele de quem nunca nos livraremos: Nós mesmos. Quanto aos outros, em nossa vida não permancerão todos que por ela passarem, mas sim aqueles que decidirmos tolerar os "erros". Às vezes, o "Onde foi que eu errei?" não está em nós (apenas) e a resposta vai depender muito do que fomos capazes de aprender com o suposto erro.
"Viver é uma Arte"!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Uma hora percebemos que...

Uma hora percebemos que nossa dor, por maior que seja,
Não dói mais que a dor alheia
E que nossas lágrimas nem sempre lavam
Nossas mágoas como gostaríamos...

Descobrimos que nosso orgulho nos mata se nos esquecermos de que
Ser único, muitas vezes, é ser apenas mais um.
Descobrimos também que ser mais um na multidão
Não significa ser menos que ninguém
E que nosso melhor pode não ser suficiente.

Descobrimos que assim como a dor,
O amor está em toda parte
E da mesma forma que o ar,
Ele penetra os espaços vazios de nossa alma,
E faz valer a pena cada atitude vivida.

Descobrimos que a dor ensina mais que a alegria,
Por ser disciplinadora o nos permitir o isolamento necessário,
Na hora devida.
Descobrimos que erro e maldade não significam a mesma coisa...
Os maiores erros da humanidade foram cometidos
Por quem pensou estar fazendo a coisa certa.

Descobrimos que o amor verdadeiro é como a água:
Não podendo com a dureza das pedras,
Segue calmamente seu curso contornando-lhes como um todo,
Banhando-as por completo.

Descobrimos que o tempo cura as feridas abertas pela vida
Transformando-as em cicatrizes que terão
O aspecto que permitirmos,
A beleza que quisermos,
Ensinando-nos o que estivermos dispostos a aprender.




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A morte do Amor.

Somos condicionantes e condicionados e
Essa nossa capacidade nos tira a liberdade.
Aprendemos a ver um pequeno raio como toda luz de que necessitamos,
Uma sombra como uma verdade...

Fazemos de uma migalha uma refeição e
Acreditamos no alimentar com ela...
Interpretamos um silêncio como um Eu te amo e
Fazemos de uma única pessoa, um mundo.

Sem perceber, passamos a esperar pouco da vida como se isso fosse o bastante:
E isso nos mata lentamente...
Mata-nos de uma morte dolorosa,
Fere-nos diariamente e as feridas sangram silenciosas e invisíveis,
Tira-nos, pouco a pouco, o sabor do ar...

Deixamos de enxergar as cores do oxigênio,
Tornamo-nos opacos e coração cria olheiras tão profundas
Que enxergar passa a ser sinônimo de dor,
Que respirar é sacrifício e que o Amar confunde-se com o morrer...

Verdadeiras são as feridas que os olhos não veem,
Sólida é a dor que o corpo não sente, pois
Sábias são as cicatrizes da alma...bem como
Verdadeiro é o amor que renasce sem diminuir.



sábado, 13 de agosto de 2011

Ao meu Pai...

Hoje eu quero a presença de quem me ama de verdade, hoje eu quero o meu pai comigo... Não sei até quando o terei, mas sei que se Deus me permitiu ser filha dele, algo de muito grandioso ele queria mostrar a mim, ensinar-me por meio de sua sisudez, caráter forte e honestidade admiráveis. Meu pai é minha referência de caráter. Sua inteligência sempre deixou-me admirada e sei que seria mais feliz se tivesse seguido seus conselhos. 
Ele é aquela pessoa que meu orgulho não fere quando percebo que tinha razão quando me preveniu a respeito de algo, pois diferente de tantos seres que passaram e passarão em minha vida, sei que seu Amor por mim é substantivo próprio e de grandeza maior.
Ele nunca agiria com segundas intenções comigo. Seu destino é amar-me e verdadeiramente. Hoje, tenho a oportunidade mas não sei como farei para dar-lhe um abraço e agradecê-lo por tudo. Entretanto, sei que ele sabe do valor que tem para mim e entende minha fraqueza. 
Pai, não sei como será quando eu não tiver mais você, só sei que cada momento ao teu lado é sempre importante, mesmo que banal. Você sempre foi o meu herói, meu guardião. Você sempre foi aquele que me beijava a botava para dormir todas as noites, contando-me mil histórias... Se fui verdadeiramente criança, foi porque você sempre me protegeu. Eu sempre tive a certeza de que se você fizesse algo, certamente daria certo. 
Obrigada por ter sempre cuidado de mim e me guardado de todo mal e de meus medos. Você sempre foi o melhor.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Feliz dia de todos nós...

Interessante como a cada dia surge o dia de alguém, de alguma classe, seja ela de profissionais ou simplesmente de pessoas que assumem funções marcantes na vida humana. Mais interessante ainda é sentir-se homenageado, reconhecido nem que seja um pouquinho, quando o dia em pauta, nos encaixa.
Lembro-me de como o dia da criança me enchia de esperanças de que os meus sonhos se tornassem realidade. Minha ansiedade era tanta, que por maiores que fossem as impossibilidades esse dia nunca passava em branco. Eu tinha esperança de que todos os problemas e dificuldades que me cercavam acabassem. De fato, eles acabavam quando eu ganhava um boneca nova, um caderno novo, caderno de desenho e lápis de cor... Nossa, a vida se transformava radicalmente e eu era, por um dia, a pessoa mais feliz e rica do mundo. Claro que os meus sonhos, nem de longe, estavam relacionados a um caderno novo ou boneca, mas passavam a ser no momento em que os tinha em meus braços.
Fui uma criança feliz porque, acima de tudo, eu sonhava sonhos de uma criança e vivia num mundo de criança, com toda inocência e verdade que isso pode significar. Se as carências eram muitas, os sonhos eram capazes de compensar a ausência. Não havia frustrações no meu mundinho e ele era o mais lindo e colorido de todos, com direito a amigos imaginários super inteligentes e viagens deliciosas pelas nuvens que ganhavam as formas mais variadas e carismáticas que minha imaginação era capaz de criar.
Eu não conhecia frustrações, pois sabia que se eu não poderia ter jamais aquele enorme ursinho de pelúcia, aquele quarto cheio de variedades, minha família me amava mais que tudo e nunca se esqueceriam de me homenagear em meu dia de criança. Aliás, ele sempre me foi mais caro que meu aniversário... Minha imaginação era capaz de me levar aos lugares mais incríveis e agradáveis.
Ter um dia para ser lembrada marcou-me muito e, talvez por isso, considero que lembrar dos outros em seus respectivos dias é algo valioso demais em dias em que os interesses individuais são tão enfatizados e, ironicamente, levado a todos nós ao caminho da solidão e escravidão das mesmas ou semelhantes angústias.
Por isso, feliz dia do estudante que deseja ser advogado (ou qualquer outra profissão), feliz dia do advogado que jamais pode deixar de ser estudante e, enfim, feliz dia a todos nós que desejamos e lutamos de maneira digna e humana por um lugar ao Sol nesse mundo de todos nós.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Olhos do mundo...

Com que olhos enxergam o mundo aqueles cuja existência o mundo esqueceu?
Com que olhos enxergam o mundo o homem com semblante de profeta,
Cabelos e barba logos, pés descalços e cobrindo-se sempre com um papelão,
visto que suas vestes não são capazes de cobrir-lhe o corpo? ...

Com que olhos enxergam o mundo os jovens tomados por entorpecentes,
E vocabulário reduzido à obscenidades?
Com que olhos enxerga o mundo a criança que morre de fome,
Que teve os pais assassinados ou, sequer os conheceu?

Com que olhos enxerga o mundo a velha senhora que,
Em ato de desespero ou de louvor, recolhe latinhas no lixo e reza...
Reza em voz alta o Pai-Nosso pelas ruas...
Que olhar têm eles ao mundo?

Que pensam eles do mundo?
Que sentem eles pelo mundo?
Que histórias de vida possuem?
Que fim terão? (teremos...)

Com que olhos enxergam o mundo
Aqueles cujos olhos do mundo não são capazes de enxergar?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Liberdade, o que é?

Condição de ser livre, agir conforme o livre arbítrio e contra as convenções sociais. Mais ou menos isso dizem os dicionários. Acredito eu que a Liberdade é muito mais que algo visível. A liberdade é uma condição humana íntima, tão subjetiva quanto nosso direito de possuir pensamentos que jamais precisamos revelar. 
Certa vez um amigo perguntou a mim o que é a Liberdade... Hesitei muito ao responder, falei muito e confesso que apesar tudo que falei, não consegui dizer o que o ela significa para mim. Liberdade é mais, muito mais do que qualquer palavra pode traduzir. Acredito mesmo que ela seja indizível. É meio como a felicidade, tão próxima e tão cobiçada quanto buscada no infinito do horizonte. 
Liberdade é ser, apenas. Mesmo ser imperfeito aos olhos do outro. Liberdade é dar-se o direito de não estar bem nem ser perfeito ou bonito o tempo todo. Liberdade é assumir as fraquezas, os medos e tudo aquilo que nos tornaria comum, tão comum quanto somos em nossa natureza e negamos em nossa hipocrisia. 
A liberdade é algo além do corpo... ela consiste em nos dar o trabalho de nos conhecer, saber nossos limites e respeitá-los sem culpas e cobranças... Liberdade é aparecer por pura vaidade e nos camuflar por pura necessidade de estar só. É sentir falta de um único ser mesmo estando cercada de muitos outros, talvez mais alegres e interessantes... É ter o direito de sentir saudade ou de preferir ninguém por perto.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A poesia de minhas palavras...

A poesia de minhas palavras se foi junto ao sentir que me causava dores de tanto amar,
Junto ao Amor que me fazia sentir sabor na água pura, cheiro na brisa...
A poesia de minhas palavras jaz ao lado amor que me fez sonhar com o impossível,
Ela agora descansa junto ao meu coração cansado...

A poesia de minhas palavras não tem mais o sabor de antes,
O brilho do meu olhar fala "Saudade" ao invés de "Te amo",
Meus passos pisam o chão, e eu somente ando,
Pois a poesia de minhas palavras eram as asas do meu EU...

A poesia que permeia as minhas palavras perdeu o nome,
Não possui a identidade de antes, não tem mais o caminho que tinha.
A poesia de minhas palavras fartava-se com o nada,
Inebriava-se de alguém que nem sentia, Vivia enquanto morria...

A poesia de minhas palavras não tem sorriso nem lágrimas,
Não possui nomes nem endereço.
Ela prefere o escuro onde se mostra sem medo de exibir-se,
Ela faz-se somente sentir...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O avesso de mim

Sou um ser cujos quereres revelam-me a alma, 
Gritam em silêncio de palavras, 
Fazem-me sucumbir...
Sou um ser cujos desejos me movem,
Esquentam-me a pele,
Revelam-me o viver.
Sou um ser cujos sonhos não morrem,
Me movem,
Corroem...
Sou um ser cujo Amor me Guia,
A lágrima me lava,
A alma se eleva...
Sou um ser concreto de tão abstrato,
Cruel de tão amável,
Violento de tanto amar...
Sou um ser louco de tanto querer,
Feliz de tanto sofrer,
Parado de tanto correr...
Sou alguém que é vivo de tanto morrer,
Calado de tanto gritar...
Sou avesso de mim.

domingo, 24 de julho de 2011

Silêncio...

"É fácil trocar palavras, difícil é interpretar o silêncio." Fernando Pessoa

Escrevo este texto num dia em que as palavras me faltam. Sendo assim, vou chamá-lo silêncio que por ser tão plural ao materializar o nada, se torna difícil de ser interpretado. Mesmo Fernando Pessoa viu-se rendido ao poder da ausência das palavras. 

Assim como pode representar a paz, ele também pode aprisionar. Difícil mesmo é saber quando representa força ou apatia, luta ou desistência, ou mesmo, dúvida, confusão, cautela, tranquilidade ou morte. Dos mais nobres aos mais covardes, o silêncio pode ser uma atitude característica.

Em dimensões diferentes, acredito que o silêncio pode ser comparado ao tempo... Ambos são poderosos, ensinam sem nada dizer, são misteriosos e mais fortes que qualquer dor ou alegria. Enfim, somente o tempo é capaz de explicar sua incógnita característica.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Hoje...

Hoje não estou para amores,
Não estou para dores
E meu coração está em paz...

Hoje, só por hoje, parei de flutuar no sonho
Pisei os pés no solo da realidade...
Pude senti-lo como há muito não fazia...

Hoje, surpreendi-me a perceber a saudade que tinha de pisar no chão
Sentir essa paz que me causa andar pelo solo da vida.
Senti que o ar que respiro me pertence,
Ao menos hoje...

Hoje não estou pra flores,
Nem pra cantos
Nem pra mantos de dor...
Hoje não estou para ninguém.

Hoje, somente por hoje, não pedirei que não me deixem,
Não deixarei que se queixem,
Não implorarei que me amem,
Não sentirei medo de estar só.

Hoje e não sei por quanto tempo, eu sou,
Eu vivo, respiro, sinto...
Hoje não sou de ninguém e sou tudo.
Hoje eu não tenho nada e possuo o mundo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sementes e frutos

Certo dia, recebi da vida algumas sementes. Disseram-me que eram mágicas, pois os frutos que delas brotariam iria depender da maneira como eu as cultivasse. Recebi também um simplório manual de instruções, no qual poderia ver algumas formas de não tornar as sementes capazes de gerar frutos que eu não desejasse.
Li apressadamente o manual e pus-me a cultivar as sementes. 

O tempo passou e alguns frutos logo brotaram. Reguei muito as sementes. Cuidei delas pra que nada de errado pudesse ocorrer. Entretanto, em minha pressa na leitura do manual e graças a alguns vícios que adquiri na vida, nem tudo saiu como eu esperava.

Algumas sementes, justo aquelas a quem dispensei uma atenção redobrada começaram a dar mais trabalho que de costume. Comecei a me preocupar com elas. Achei que com atenção em demasia eu as fazia bem. Passei a regá-las não com água, mas com lágrimas. O problema, no entanto, apenas crescia. Os frutos destas sementes foram devastadores: Plantei-as no intuito de colher amor, ao invés disso, colhi tristeza e dor.

Como era difícil lidar com elas. Cresciam em demasia, pesavam muito e tomavam todos os espaços existentes em minha vida. Tanto que acabei desprezando - por falta de tempo e espaço em minha vida - as sementes do respeito, da dignidade - Nossa, essa eu joguei no lixo, coitada - da amizade, do carinho. Todas essas ficaram de lado, mas por serem fortes e nobres continuaram a se desenvolver apesar de meu injusto abandono.

Carregar a dor e a tristeza que havia planejado pra serem amor e felicidade me feria. Eu sangrava por meio de minha alma, todo o meu ser era ferida. Minhas mãos tremiam, meu coração doía de uma dor indescritível, toda eu era cansaço. A dor e a tristeza, no entanto, continuavam a se multiplicar e eu não sabia mais o que fazer. 

Chegou o momento que pensei numa solução. Só havia uma forma: Sair distribuindo toda dor e tristeza em todos os lugares onde eu chegasse. Não importava onde, importava apenas que eu queria e precisava me livrar delas que tanto me pesavam e feriam. Então, saí em distribuição. 

Foi com grande espanto que percebi que era inútil. Sim eu distribuía dor e tristeza em todos os lugares a todas as pessoas, mas ao invés de diminuírem, elas aumentavam cada vez mais. Acrescidas ao remorso de legá-las a quem não as merecia, elas pesavam cada vez mais. Até o amor ficou esquecido. A amizade, forma tão sublime de amar, parecia não ter mais sentido.

Fiquei desolada... Chorei copiosamente de um choro profundo e doloroso que me comprimia o coração, apertava-me a alma e multiplicava, ao mesmo tempo que traduziam todo o meu desespero... Agora, não apenas eu sentia dor, mas também os outros com quem eu quis dividi-la. Alguns, mais nobres e sábios, até tentaram me consolar, transformando parte daquela semente maldita que eu lhes dera em conselhos que eu não ouvia. Minha tristeza e dor cada vez maiores me cegavam totalmente a ponto de me tornarem egoísta. Logo eu, egoísta! Achei que somente eu no mundo inteiro sentia dor...

Cheguei em casa, triste, abatida... em questão de dias havia envelhecido anos. Estava sem brilho, sem cor, sem disposição para viver... Recorri às lembranças saudosas de uma amizade duradoura e agradável e dela retirei a lição de que minha dor e tristeza continuariam a crescer enquanto eu tentasse me livrar delas, distribuindo aos outros ou simplesmente contemplando-as. Foi com muita dor de saudade que lembrei de alguém por quem comecei a escrever poesias... Era o mesmo alguém a quem eu atirava desesperadamente a minha dor e a minha tristeza...

Percebi que dor e tristeza não se deve cultivar e, se cultivei, não é distribuindo aos outros que me livrarei delas. Preciso re-cultivá-las, transformá-las em outros frutos como a sabedoria e o amor verdadeiro que a tudo resiste. 

Sei que vai levar um bom tempo e não importa onde eu vá, vou precisar levá-las comigo, pois agora ainda fazem parte de mim. Espero poder transformá-las em remédio para meus ferimentos e para os ferimentos que causei... Sei que os maiores foram em mim mesma. Talvez tenha perdido muito tempo antes de fazer isso, mas importa mesmo é que agora estou disposta a começar... A ação do tempo é inútil quando se nega a fazer o que ele está disposto a ajudar.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

Devaneios de uma segunda-feira à tarde...

Nada pode ser tão triste e devastador quanto a perda da capacidade de enxergar sentido na vida. Um cadáver que ainda não morreu. É nisso que se torna aquele que deixa de contemplar a maravilha de poder respirar, sentir frio ou calor, saudade ou amor.
Tenho encontrado muitos cadáveres vivos perambulando por aí. Eu mesma tenho sido um, às vezes. Tantas vezes fazendo birra quando as coisas não saem como eu gostaria. Tantas vezes temendo coisas que só existem em minha mente, tantas esquecendo que a vida é agora.
O assunto é complexo e não tenho pretensão a bancar a psicóloga, é coisa de vivência mesmo de sentir a vida. Se não pude ser o que sempre quis é porque me tornei o que a vida possibilitou que eu fosse. Que sentido teria ser algo que não estou preparada para ser? Se não sou aquilo que esperam é porque não aprenderam a enxergar a luz que irradio, não sabem conviver com o único e diferente de tudo: EU.
A ideia de esperar é outra que atormenta. Aliás, esperar, para mim, tem sido um caminho que me põe constantemente em desespero. Pois esperar sem paciência é alimentar uma agonia interna que só sabe quem a sente. Não esperar, por sua vez, é não ver até onde as coisas irão e, talvez, perder-se no rumo delas.
Ter sensações, sentir... mesmo que seja dor, tristeza, saudade, é a vida cumprindo seus desígnios. Aprender com ela não exige mostrar nada a ninguém, mas a si mesmo. Buscar a paz não é mostrar aos outros o quanto se estar bem. Buscar o amor não é perder a liberdade, é ser livre simplesmente por sentir algo que eleva a alma.
É triste ver pessoas tentando atalhos para resumir a vida. É triste ver outros jogando o amor na lata do lixo por receio de que ele seja manifestação de posse. É triste ver outros achando que amam só porque querem o outro para si.
Tudo seria tão mais fácil se não tivéssemos tantos medos, se não pensássemos que a dor é somente nossa, se imaginássemos o quanto de dor podemos causar nos outros, graças as nossas ações... Se lembrássemos que, ao que ama não é preciso retribuir com muito, pois um sorriso lhe basta. 

sábado, 18 de junho de 2011

O PODER DO TEMPO

Tempo, melhor remédio para todo e qualquer mal do ser humano.
Inimigo mor dos amantes,
Para quem se faz lento na ausência,
Veloz na presença...

Ah, tempo... tão necessário e tão traiçoeiro...
Provocador da sabedoria naqueles que sabem esperar por seus desígnios,
Causador da loucura, naqueles que preferem entregar-se à ansiedade...
Longo ou curto, é sempre determinante...

Não retrocede jamais,
Deixa nos errantes o arrependimento,
Deixa nos fracos a culpa,
Provoca em mim a saudade...

Tempo, suscitador das respostas,
Tempo, assassino dos amores,
Tempo, provocador da velhice,
Tempo, Cura dos corações feridos...

TEMPO...
Confio em teu poder de cura,
Sofro com tua lentidão,
Acredito no teu poder,
Morro com o teu passar...

TEMPO...
Contigo, saro minhas feridas,
Contemplo minhas cicatrizes,
Seco minhas lágrimas,
Choro novamente...

domingo, 12 de junho de 2011

Autorretrato subjetivo

Não, eu não sou concreta! sou a abstração dos meus sonhos,
Sou a matéria-prima de minha poesia,
Sou o que sinto no mais profundo do meu ser
E que se espalha pela vida feito poeira ao vento...

Sou invisível a muitos olhos e estou presente em muitos lugares ao mesmo tempo
Ao ser lida, amada, odiada, lembrada, rejeitada...
Sou tudo que vivi: a felicidade que conquistei quando não busquei,
O amor que recebi quando não esperava,
Sou a rejeição de quem tanto amo...

Sou a palavra que me leva e me denuncia,
Sou a fraqueza diante da dor,
O desespero diante da morte
A frustração ante a derrota.

Sou um ser, apenas...
Sou tudo que ficará guardado nas mentes alheias quando me for,
Sou meus atos mais simples, meus sentimentos mais complexos...
Sou a busca eterna pela sabedoria que só existe no Amor.

Eu sou o Amor que sinto,
A Tristeza que me toma,
A Inocência que me guia,
A Dor que me ensina
...
Sou tão abstrata como tudo que me define,
Sou uma busca eterna e constante...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

SAUDADE É...

Saudade é deixar de viver para me alimentar de recordações que só fazem aumentá-la,
Saudade é sentir-me sem chão por faltar você.
É a dor mais sublime e ambígua,
Capaz de despertar tristeza e prazer.

Saudade é o vazio que preenche a lacuna que você deixa quando vai embora.
Saudade é o medo de não te ter de novo,
Para juntos vivermos momentos que, em breve, tornar-se-ão saudosos.
Saudade é morrer a cada instante por sentir sua ausência.

Saudade é a fagulha de vida que me resta se não estás comigo.
É a primeira sensação que me vem ao peito se mentalizo sua imagem.
Saudade é uma lágrima que cai,
É um leve sorriso que me brota dos lábios se te recordo,
É o arrepio que me percorre o corpo e alma se penso em você.

Saudade é uma dor que sinto por você, que me faz bem,
Saudade é tudo que sou, se me falta você...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Delírios de minha subjetividade errante

Hoje resolvi não fazer rascunhos... deixarei que as palavras me guiem por onde e para onde acharem mais oportuno... não recorrerei a edições...
Afinal de contas, a vida não possui edições e, se possuísse, acredito eu que não faria muita diferença... temos a mania de fazer tudo como se tivéssemos uma segunda chance mesmo.
O que vem preenchendo ultimamente meus pensamentos é a ideia de autoconhecimento... sim, este que as pessoas dizem tanto que precisamos possuir e explorar mas que, inacreditavelmente, ninguém faz. Acredito mesmo é que somos hipócritas e tão mentirosos que, ao nos conhecer bem, sentimos vergonha disso e fingimos que não notamos. É bem mais fácil fazer vista grossa, às vezes. E se fazemos para os outros, por que não em relação a nós?
Mediadas pela ação do discurso de outrem, nossa mente, nossa formação moral, bem como nossas concepções várias a respeito de tudo são impressas de forma que, nem sempre somos aquilo em que acreditamos.
Acreditamos que julgar é preciso, punir é preciso, mas punir a si mesmo é sempre passível de concessões. Sempre deixamos para depois... Pensamos que não somos capazes de autopunição, então a vida se encarrega de fazer isso por nós. Os outros nos punem.
Sinceramente, não acredito nisso, nem acho que seja necessário. Olhar o mundo com sabedoria e desprendimento talvez seja uma saída inteligente mas... quem sabe fazer isso? 
Já repararam que tudo a que se refere a aprender parece estar ligado à ideia de punição? Não é preciso ser punido por ninguém para aprender, nem por nós mesmos e muito menos pelos outros... Acredito na lição da tolerância de que somos tão carentes, acredito na lição do Amor que prefere sofrer a causar dor em alguém. Pensamos logo, "Se me fere não me ama, logo não me fará bem..." se tem algo que não nos faz bem, é a certeza de que nos frustramos com nosso próprio EU. Nos mata de vergonha perceber que não valemos tanto assim para o outro ou que erramos a criar dele uma imagem...
Mas aprender é preciso... 
Acredito na eficácia da disciplina, desconfio do egoísmo dos que mantêm relações humanas - de qualquer natureza - por comodismo ou conveniência, confio no Ser Humano apesar de todas as suas falhas e apesar de todas as minhas falhas. Não desisto de ser EU nem do Amor dos que amo, mesmo que me imponham distâncias... naturalmente - nem por isso, com menor tristeza - afasto-me dos que me deixam só. Deve ser uma regra da vida...

Sei somente que muito penso sobre a vida e que, se me culpo, é por - e quando - deixá-la de lado e a desprezá-la em nome da tristeza.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Refletir... Reflexos

Não foi dado ao ser humano o dom de olhar dentros dos próprios olhos... Sinceramente, isso sempre me angustiou. Afinal, precisar sempre de um espelho para refletir minha imagem, fazia-me sentir até certo ponto desconfortável. Em meus devaneios sobre o assunto, cheguei a diversas respostas tão díspares quanto incoerentes entre si. O fato é que não compreendia o motivo de a natureza ter-me produzido com tal defeito de fábrica.
Ora sinto-me angustiada por isso, ora, aliviada... Das milhões de conjeturas que me povoam os pensamentos, uma delas me diz que a natureza não me permitiu o privilégio (ou o castigo) de estar diante de mim mesma pelo fato de que, se isso fosse possível, eu corerria o risco de julgar-me equivocadamente como os outros também o podem fazer...
Diante desta reflexão, o espelho me surge como uma espécia de metáfora que me diz que não posso ser só... Sim, eu preciso dos outros, eles me ajudam a regular a minha imagem e, assim como espelhos, alguns indivíduos me distorcem: há os que me ampliam, os que me diminuem, os que me engordam ou emagrecem, dentre outras deturpações...
Apenas em um aspecto pessoas e espelhos concordam: Fico mais apresentável se uso roupas de grife e "maquiagem". Se me despojo de tais artifícios, se me mostro tal como minha natureza me fez, os espelhos nem sempre vão refletir imagens tão belas e, por isso, reprovam-me.
Assim como nos contos, não ser belo quebra os espelhos da vida... deixa-nos sem referências externas, restando-nos apenas uma maneira de refletir nossa imagem: A consciência, instrumento capaz de refletir imagens abstratas, tão abstratas que muitos não conseguem encontrá-la no fundo do baú de suas personalidades.
Talvez a existência deste espelho seja um modo de a natureza nos dizer que não precisamos olhar em nossos olhos físicos para morrermos de vergonha de nossos erros, que não é preciso estarmos diante de nossa própria face para aprendermos com nós mesmos ... que nossa beleza física independe do que os demais espelhos são capazes de refletir, pois eles ou quebram, ou vão embora.
No final, restamos apenas nós a nós mesmos...
Quanto ao meu espelho interno, uma vez que o encontro, jamais me verei sem ele, bem como é o uso que faço dele que definirá o reflexo que terei diante dos Outros e, especialmente, diante de mim mesma.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Um olhar para o momento...

Sou humana e como tal, reservei este espaço para compartilhar um pouco daquilo que permeia a minha alma... 
Sou professora, funcionária pública e, com isso, diante do cenário vivenciado atualmente em nosso Estado, não poso me furtar da oportunidade de me sentir humanamente magoada, estarrecida com os problemas que, se fazem parte de minha vida profissional, atingem-me imensamente como pessoa.
Diariamente, precisamos lidar com jovens cuja formação nos é atribuída. Se não se sobressaem, a culpa é nossa. Afinal, não dispomos das metodologias corretas, não estamos diariamente renovando nosso currículo e o mais inadmissível: somos capazes de errar. Não importa se faltam recursos, se não há conforto nem infraestrutura na escola, a culpa é exclusivamente nossa. 
Não interessa se meus alunos não dispõem de infraestrutura social e familiar que contribua com meu trabalho, pois se ele não aprende tudo como deveria e como lhe é de direito, a culpa é somente minha.
Interessante que geralmente os debates que visam identificar os problemas existentes na educação brasileira não incluem em seus quesitos, a qualidade de vida do professor. 
Às vezes chego a ter a impressão de que professor não é gente. Precisamos ser referencial moral, de conhecimento, de perfeição mas não param para nos perguntar do que precisamos, onde estão nossas limitações, como fazer para saná-las, ao menos. 
É angustiante ver escolas e universidades públicas caindo aos pedaços e, enquanto isso, um governante gargalha. É angustiante perceber-se responsável por uma função tão nobre quanto a educação, saber-se capaz de fazer melhor e não dispor de condições de fazê-lo. 
Antes de ser professora, sou humana, sinto fome, cansaço, tristeza, bem como tenho sonhos e aspirações como qualquer outra pessoa. Será que também eu não poderia ter o direito de ser como os demais?? Onde estão, na prática, os direitos do professor?
Quem, em sã consciência, consegue estar profissionalmente feliz trabalhando em um ambiente sujo, com móveis quebrados, onde sequer portas e janelas estão em boas condições? Que profissional consegue desempenhar um bom trabalho se não recebe uma remuneração justa e não dispõe de tempo nem ao menos para dormir direito?
Faço minhas todas as palavras da professora do RN, em especial quando esta afirma que nossas necessidades são urgentes e que ninguém, melhor do que nós, pode nos dizer quais são os problemas por que passa a educação neste país. 
Não me vejo atuando em outra área que não seja a educação. Entretanto, confesso que seria mais feliz se conseguisse vislumbrar melhorias nesta que é a profissão que a vida, acertadamente, me levou a escolher e  na qual deposito minhas esperanças de um mundo de paz e menos miséria.

domingo, 20 de março de 2011

ADMINISTRANDO A VIDA

Às vezes tenho a impressão de que nunca, por mais que se tente, vamos conseguir administrar a vida de maneira correta. As opiniões diferentes e, especialmente, os sentimentos sempre tornam a coisa pesada, difícil de conduzir.

Não, não acredito que viver seja difícil, tampouco que a felicidade seja algo que está distante. Já me saí facilmente de situações difíceis e já fui muito feliz com pouca coisa... Acredito mesmo é que o excesso de emoções atrapalha e aquilo que pensamos estar fazendo de maneira tão correta pode ser, exatamente, o nosso maior erro.

Mas... como saber disso? Não sei. Só sei que todos os nossos sentimentos - não emoções impensadas apenas - todos eles, sem exceção, possuem uma razão de ser e podem ser dicas que nosso coração nos dá para nossa mente parar de tomar as decisões erradas.

Inclusive a raiva e a tristeza... certa vez li que a raiva é uma dica do nosso coração. Ela não é um sentimento ruim, mas uma prova de que algo não está bem em nós... a tristeza, acredito eu, deve ser a mesma coisa. Se algo ou alguém me deixa triste é porque alguma coisa está errada. Algo precisa ser consertado, posto de volta no lugar, tratado de maneira a não magoar mais... hábitos, pessoas e acontecimentos precisam ser vistos e tratados com lucidez e respeito. O ser humano, desde o seu corpo até a sua alma, é sagrado. Desrespeitá-lo não é correto, bem como desrespeitar a si mesmo não é correto.

Não fomos criados para sentir culpa por dizer "não" quando for necessário. Muito menos fomos criados para sermos inconsequentes e fazer dos outros marionetes em nossas mãos. Por outro lado, só se faz de marionete quem se permite ser tratado assim... Frustrar de propósito não é ensinar, é machucar...e mesmo que alguém se permita machucar não merece isso, especialmente quando se permite machucar porque ama.

Sempre dizem por aí que é necessário lutar pelas coisas e pessoas que queremos, mas toda luta tem um fim e lutar por algo não significa conquistar. às vezes, aquilo que imaginamos que seria uma conquista não tem bem algum a nos oferecer e no final das contas, só temos a nós mesmos.

Faço o tipo que luta com carinho e com o coração por tudo e por todos que quero comigo e quero ver bem... Entretanto, em muitos casos, não é preciso conquistar o objeto por que  se luta para ser vencedor... Toda batalha deixa feridas, provoca lágrimas e, muitas vezes, desistir é vencer!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

SOBRE PÁSSAROS E PÉTALAS

Amar sozinho é ser pássaro com uma única asa.
Apenas anda torto, em vão,
Não voa...
Busca, no solo, cruzar pelo céu da felicidade que sempre será incompleta.

Amar sozinho é ser pássaro dentro de uma gaiola de portas abertas
E... mesmo assim... decidir não ir embora
É optar por estar preso...
Não tem sabor a liberdade
Desfrutada na mais sublime solidão...

A verdadeira beleza do ser só é vista pelos olhos de quem a procura,
Só a enxerga quem esquece os defeitos e limites
Só a sente quem capta a sua luz...
Luz invisível, abstrata, imutável...
Embora ajustável a todos os seres.

Sou um pássaro de uma asa só,
Sou a ave que, mesmo numa gaiola aberta, decide ficar...
Sou a liberdade de estar presa,
Sou a beleza que passou,
Sou incompleta...

Sou como a pétala,
Que lançada ao chão no desfalecer da beleza da flor,
Sou esmagada pelos pés de quem, um dia,
Sentiu o meu perfume...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

UM POEMA, APENAS

Conceitos não fundamentados
Ideias não comprovadas
"Sentidos" muito aprofundados
Certezas ausentes
Palavras desconexas

Sem necessidade de provas
Textos, para quê?
Não há lógica
A razão é dispensável

Há apenas coisas que dizem
Jogadas ao léu
Uma textualidade distorcida, deturpada

Coesão inexistente,
Coerência sentida,
Naturalmente abstraída...

Um poema, apenas

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

VERSOS SOLTOS

Sempre achei que as palavras possuíssem poros
Pelos quais a personalidade vaza.
A minha, porém, escorre livremente,
Visto que sou um livro de alma aberta.

Vazar é fugir
E eu ando lentamente...

Ao assumir esta vida, não firmei contrato com a hipocrisia.
Não consegui entender-me com ela.
Então, deixo-a de lado e sigo o meu caminho... Sigo e Amo.
Sou um coração ultra-romântico em pleno pós-modernismo
Sou um ser deslocado no tempo, perdido no espaço...

Um livro de portas abertas
Ao entrar em minha vida, precisa nem bater na porta.
Ela está aberta.
Ao decidir sair, ela permanece aberta.

No entanto, preciso confessar que ao coração que ama,
Não há nada tão doloroso quanto respeitar o livre arbítrio do ser Amado.
A tristeza da partida é tão intensa quanto a alegria da chegada,
Contudo marca mais,visto que fere.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ESCURIDÃO

A escuridão é a liberdade dos que amam em segredo
Ela revela a beleza dos não-belos
Mostra o que a luz esconde
Resguarda os fracos;
Desarma os fortes.
Permite aos medrosos esconder seus defeitos;
Aos sofridos,a dor
Aos sábios, enxergar a verdade
Aos estúpidos, perder-se em si mesmos...
Gosto da escuridão!
Ela me protege,
Ampara-me daquilo que meus olhos cansaram de ver,
Dos olhares que não cansam de me observar.
Ela me guarda de um mundo que me cansa
Enquanto permite que meu coração apenas sinta
Dor, amor, paixão... solidão

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

PALAVRAS

As palavras perdem o sentido quando dizem tudo...
Elas precisam apenas insinuar, provocar, fazer sentir

Só os bobos dizem tudo,
Entregam o jogo,
Entendem tudo...

O poeta não entende,
O poeta sente...
Sente o que nem sempre faz sentido sentir...

Sanidade louca: poesia
Algo que grita quando silencia.