Fragmentos de mim: janeiro 2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Cada dia

Viver cada dia sentindo o seu sabor
Degustando cada acontecimento, aprendendo com cada dor...
Sentir seu cheiro e apreciar cada detalhe.
Desejo viver cada dia como quem nasce a cada amanhecer,
Respirando a vida, celebrando cada momento, sentindo o sabor de cada passo,
O calor de cada abraço, o frio de cada despedida...

É fascinante viver os dias disposto a dar-lhes as boas vindas
Observar cada detalhe como quem jamais voltará a enxergar,
Alimentar-se da vida como quem está faminto e sedento,
Abraçar sofregamente, amar intensamente, vivendo a magia de cada toque
Viver os dias em êxtase puro...

É preciso viver cada dia como quem viverá apenas um...
Como quem vive um novo amor de curta duração,
Rir de cada frustração, abraçando carinhosamente o presente de vivenciar.
Não esperar da vida nada além do que se estar disposto a dar,
Viver cada dia como um novo amor, único, sem repetição
Apreciar cada uma de suas horas intensamente, desde o calor de seu nascer até o frio de sua morte.

Despedir-se de cada dia como quem se despede se si mesmo...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Infinitas miniaturas...

Em meio a multidão, todos são apenas mais um,
Um número a mais, somando estatísticas, sem rostos ou gostos.
É onde se descobre o estar só.
É no estar sozinho em meio à multidão que se descobre que há, dentro de si, uma imensidão.

É um imenso abstrato, impalpável e, ao mesmo tempo, tão forte,
Tanto quanto um tapa na cara... quanto um beijo apaixonado, um abraço ou mesmo, uma saudade.
É no estar só que se descobre único,
Que há um universo inteiro dentro de si...

Cada rosto é um história, carrega em si um mundo inteiro,
Um mundo de sonhos, dores, amores, espinhos e flores.
Uns com passos firmes, outros, cansados...
Pensamentos práticos ou devaneios norteiam esses mundos,
Tão em busca de si, tão anônimos ao mundo...

É no estar só em meio a um mundo, a milhões de mundos
Que o mundo particular se revela.
São todos infinitas miniaturas, plenas de si,
Sedentas por ser, muito mais que por existir...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Os aprendizes do Viver

Já dizia o poeta: "Viver é não ter a vergonha de ser feliz... cantar a beleza de ser um eterno aprendiz". No entanto, há no ser humano características que lhe toma, por vezes, a essência desse aprender. Há a culpa que nos move para baixo e amplia a dor; há o medo que nos paralisa, há o orgulho que nos mata, obrigando-nos a viver num abismo que, por vezes, nós mesmos construímos.
Juntos ou separados esses elementos tomam de nós o que há de mais belo: O perdão. Como é difícil perdoar a alguém que nos fez sentir dor. Como é difícil e doloroso perdoar a si mesmo quando se reconhece que errou. Não sei se por culpa ou orgulho, o autoperdão é sempre mais complicado. É diferente do orgulho vil e vão que nos faz mentir ao dizer que não perdoou o outro, mesmo quando o coração já o fez. Talvez seja mais difícil por, muitas vezes, necessitar reconhecer que os defeitos que costumamos apontar nos outros, na verdade residem em nós mesmos. 
 Não ter vergonha de se assumir aprendiz da vida... de admitir que errou e que está na vida para aprender. Como é fácil falar, como é difícil fazer isso e enxergar também no outro um aprendiz e, portanto, passível de cometer enganos a qualquer momento. Seria tão fácil, tão mais doce a vida se o orgulho não existisse... 
Quem viveu uma vida sem se perguntar o que é a felicidade que atire a primeira pedra. Acredito mesmo é que ela não tem nome nem rosto. É algo que possui apenas essência e uma intensidade incrível que varia não de coisa para coisa, nem de pessoa para pessoa, mas do poder que certas coisas ou pessoas podem exercer sobre outras e em determinados momentos.
Ser aprendiz da vida é muito mais do que qualquer palavra consegue explicar. É não ter vergonha de ser medíocre para alguns, vergonhoso para outros, invisível para uns tantos. Embora abrir os olhos para os meandros da vida e dos fatos que a regem, bem como as relações humanas por vezes amplie a dor de viver, é de olhos abertos que se deve seguir mesmo que isso signifique enxergar com maior nitidez as cicatrizes que nos permitimos fazer nesse caminho. 
Não importa se aos olhos de alguns causamos vergonha, importa a paz que nos brota da alma, o perdão de nós mesmos e do outro... Importa levantar depois de cada queda, mesmo que aqueles por quem caímos não estejam para nos dar a mão e ajudar a levantar. Vale mesmo é recomeçar apesar das feridas e enxergar cada cicatriz como troféu de alguém que passará uma eternidade aprendendo.