Fragmentos são partes soltas... é isso que encontrarão aqui. Fragmentos do meu eu, dos meus pensamentos e sentimentos que, com carinho, vou publicando, compartilhando... todos somos fragmentos aos olhos dos outros, todos somos mistérios indecifráveis que a natureza lança na vida e para a vida!
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
uns e outros... "sins" e "nãos"
terça-feira, 16 de novembro de 2010
UM TEXTO SEM NOME...
sábado, 6 de novembro de 2010
SER DIFERENTE NÃO É NORMAL
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Escapismos
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Inutilidades...
Há tempos percebi que tentar esconder-se é inútil. A um bom observador, tudo são pistas e nossa personalidade vaza pelos poros invisíveis de nossas palavras.
Inusitada é a forma como descobri isso. Ele me apareceu do nada, tão belo, tão belas as suas palavras e seus gestos que minha vida, desde aquele dia, transformou-se em luz. Ele me preenchia dos mais belos sentimentos e despertava-me para as coisas que eu achava mortas em minha vida. Estar com ele era a minha missão, cultuar a beleza dele era o meu alimento. Eu estava feliz assim.
Não, ele não me amava. Eu sabia disso. Mas eu o amava da forma mais linda, pura e nobre possível e isso me deixava feliz. Feliz e consciente de minha condição de amante não-amada. Interessante, mas através dele percebi que, assim como acontece com o canto dos pássaros, com as pessoas também é igual. Quanto mais triste mais belo. Os sentimentos tristes possuem uma beleza esplêndida, talvez por serem mais verdadeiros e revelarem o que vai em nosso coração.
Ele reclamava das coisas com as quais não concordava e eu me completava com isso, pois as reivindicações dele também eram as minhas. É... mas o tempo passou... ele reclamava de abandono e hoje eu reclamo o abandono dele para comigo. Foi lento que aconteceu... aos poucos ele me foi deixando só, dando-me a chance de fazer dele, as reclamações que ele me fazia de outras pessoas...
Mas eu não reclamo, eu o guardo em mim... ele é sagrado para mim...
Não sei o que sinto. Além de uma saudade imensa daquilo que eu pensei ser a verdade dele, percebo que fez comigo o que já fizeram com ele... [eu também devo estar fazendo o mesmo com alguém] não adianta esconder-se da vida, não adianta esconder-se do que somos, pois a verdade é denunciada por nós mesmos. Se, por um lado, calar-se demonstra não se sabe o quê, por outro, o falar denuncia exatamente aquilo que gostaríamos de esconder.
A inutilidade da palavra está nisso... mostra o que não se quer mostrar. A inutilidade do ser está nisso... amar efemeramente. Mas é inevitável esperar algo diferente, afinal, como o efêmero poderia amar eternamente? A beleza está no ser contraditório. É diante desta contradição que minhas palavras me traduzem, que não projeto um discurso agora... mas que simplesmente solto palavras que me definem e que me mostram por dentro.
UM FRAGMENTO DE MIM... um abandono, uma saudade... INUTILIDADES.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Morena, minha Morena
Todos os dias eram sempre iguais... No local tranquilo, a brisa leve acalentava a nossa pele enquanto tu me falavas de tuas lembranças: algumas engraçadas, outras sofridas que eu ouvia atentamente imaginando cada cena e como seria se eu também tivesse vivido aquilo contigo. Enquanto me falavas, pedias a minha opinião, perguntavas se eu concordava com esta ou aquela arguição e eu, que nem sempre sabia o que te dizer, ia concordando com teus pontos de vista. Enquanto me falavas, minha imaginação cruzava o céu no qual admirávamos sempre a beleza incomparável da lua e das estrelas. Admirávamos juntas, a paz que aqueles momentos tinham o dom de nos proporcionar.
Quando te calavas, muitas vezes eu ainda viajava na imaginação e tentava, com ela, alcançar os teus dias. Dias de infância pobre e inocente e dias de fome que também suportaste quando adulta e, sendo mãe, viste faltar o alimento na mesa em virtude da seca dos anos 70. Era com tanta dor que me falavas dos olhares tristes e famintos dos animais que morriam, tão tristes quanto os olhares de teus filhos também famintos naquela época de tristeza e ausência de tudo, menos de amor. Sim, o Amor... pois da tua maneira, tão particular e às vezes incompreendida, amaste como poucos os teus, te resignaste diante da pobreza e da dor, administraste com mãos de aço a tua vida e a daqueles que dependeram de ti, inclusive a mim.
É com saudade que me lembro daqueles dias em que a vida me parecia muito mais simples do que é hoje. Interessante como tudo parecia mais fácil de resolver, como a perfeição da alma humana se fazia por mim compreender através das tuas palavras, do teu olhar simples e alegre quando me vias dançar. É com tristeza que hoje sei que a vida não é tão simples quanto eu imaginava naquela época ... ou então, que eu perdi aquela simplicidade que me fazia relaxar à luz da lua e das estrelas e ao som de tua voz.
De ti herdei muitas coisas, o amor intenso pela vida que te fazia lamentar um dia ter que deixar de viver, a capacidade de me impor diante das dificuldades, a força para lutar quando tudo parece não ter mais jeito e, claro, os traços físicos que, com o passar dos anos cada vez mais se acentuam em mim. Ironia, eu sempre me julguei tão diferente de ti...
Tua despedida desta vida foi tão simples quanto a tua passagem por ela, mas tão dolorosa que nunca me saiu da mente. Naquele dia eu acordei sabendo que te perderia... foste embora, o tempo passou... a minha vida mudou muito e me afastou do sitio, da velha casa cujo alpendre serviu de local para nossas conversas, de tudo. Soube, inclusive, que a velha casa quase não existe mais. Entretanto, no jardim de minhas lembranças tudo permanece igual, leve como a brisa, doce como a lembrança do teu sorriso quando eu chegava, te abraçava e dizia com voz de criança: Morena, minha Morena.