Fragmentos de mim: junho 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Devaneios de uma segunda-feira à tarde...

Nada pode ser tão triste e devastador quanto a perda da capacidade de enxergar sentido na vida. Um cadáver que ainda não morreu. É nisso que se torna aquele que deixa de contemplar a maravilha de poder respirar, sentir frio ou calor, saudade ou amor.
Tenho encontrado muitos cadáveres vivos perambulando por aí. Eu mesma tenho sido um, às vezes. Tantas vezes fazendo birra quando as coisas não saem como eu gostaria. Tantas vezes temendo coisas que só existem em minha mente, tantas esquecendo que a vida é agora.
O assunto é complexo e não tenho pretensão a bancar a psicóloga, é coisa de vivência mesmo de sentir a vida. Se não pude ser o que sempre quis é porque me tornei o que a vida possibilitou que eu fosse. Que sentido teria ser algo que não estou preparada para ser? Se não sou aquilo que esperam é porque não aprenderam a enxergar a luz que irradio, não sabem conviver com o único e diferente de tudo: EU.
A ideia de esperar é outra que atormenta. Aliás, esperar, para mim, tem sido um caminho que me põe constantemente em desespero. Pois esperar sem paciência é alimentar uma agonia interna que só sabe quem a sente. Não esperar, por sua vez, é não ver até onde as coisas irão e, talvez, perder-se no rumo delas.
Ter sensações, sentir... mesmo que seja dor, tristeza, saudade, é a vida cumprindo seus desígnios. Aprender com ela não exige mostrar nada a ninguém, mas a si mesmo. Buscar a paz não é mostrar aos outros o quanto se estar bem. Buscar o amor não é perder a liberdade, é ser livre simplesmente por sentir algo que eleva a alma.
É triste ver pessoas tentando atalhos para resumir a vida. É triste ver outros jogando o amor na lata do lixo por receio de que ele seja manifestação de posse. É triste ver outros achando que amam só porque querem o outro para si.
Tudo seria tão mais fácil se não tivéssemos tantos medos, se não pensássemos que a dor é somente nossa, se imaginássemos o quanto de dor podemos causar nos outros, graças as nossas ações... Se lembrássemos que, ao que ama não é preciso retribuir com muito, pois um sorriso lhe basta. 

sábado, 18 de junho de 2011

O PODER DO TEMPO

Tempo, melhor remédio para todo e qualquer mal do ser humano.
Inimigo mor dos amantes,
Para quem se faz lento na ausência,
Veloz na presença...

Ah, tempo... tão necessário e tão traiçoeiro...
Provocador da sabedoria naqueles que sabem esperar por seus desígnios,
Causador da loucura, naqueles que preferem entregar-se à ansiedade...
Longo ou curto, é sempre determinante...

Não retrocede jamais,
Deixa nos errantes o arrependimento,
Deixa nos fracos a culpa,
Provoca em mim a saudade...

Tempo, suscitador das respostas,
Tempo, assassino dos amores,
Tempo, provocador da velhice,
Tempo, Cura dos corações feridos...

TEMPO...
Confio em teu poder de cura,
Sofro com tua lentidão,
Acredito no teu poder,
Morro com o teu passar...

TEMPO...
Contigo, saro minhas feridas,
Contemplo minhas cicatrizes,
Seco minhas lágrimas,
Choro novamente...

domingo, 12 de junho de 2011

Autorretrato subjetivo

Não, eu não sou concreta! sou a abstração dos meus sonhos,
Sou a matéria-prima de minha poesia,
Sou o que sinto no mais profundo do meu ser
E que se espalha pela vida feito poeira ao vento...

Sou invisível a muitos olhos e estou presente em muitos lugares ao mesmo tempo
Ao ser lida, amada, odiada, lembrada, rejeitada...
Sou tudo que vivi: a felicidade que conquistei quando não busquei,
O amor que recebi quando não esperava,
Sou a rejeição de quem tanto amo...

Sou a palavra que me leva e me denuncia,
Sou a fraqueza diante da dor,
O desespero diante da morte
A frustração ante a derrota.

Sou um ser, apenas...
Sou tudo que ficará guardado nas mentes alheias quando me for,
Sou meus atos mais simples, meus sentimentos mais complexos...
Sou a busca eterna pela sabedoria que só existe no Amor.

Eu sou o Amor que sinto,
A Tristeza que me toma,
A Inocência que me guia,
A Dor que me ensina
...
Sou tão abstrata como tudo que me define,
Sou uma busca eterna e constante...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

SAUDADE É...

Saudade é deixar de viver para me alimentar de recordações que só fazem aumentá-la,
Saudade é sentir-me sem chão por faltar você.
É a dor mais sublime e ambígua,
Capaz de despertar tristeza e prazer.

Saudade é o vazio que preenche a lacuna que você deixa quando vai embora.
Saudade é o medo de não te ter de novo,
Para juntos vivermos momentos que, em breve, tornar-se-ão saudosos.
Saudade é morrer a cada instante por sentir sua ausência.

Saudade é a fagulha de vida que me resta se não estás comigo.
É a primeira sensação que me vem ao peito se mentalizo sua imagem.
Saudade é uma lágrima que cai,
É um leve sorriso que me brota dos lábios se te recordo,
É o arrepio que me percorre o corpo e alma se penso em você.

Saudade é uma dor que sinto por você, que me faz bem,
Saudade é tudo que sou, se me falta você...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Delírios de minha subjetividade errante

Hoje resolvi não fazer rascunhos... deixarei que as palavras me guiem por onde e para onde acharem mais oportuno... não recorrerei a edições...
Afinal de contas, a vida não possui edições e, se possuísse, acredito eu que não faria muita diferença... temos a mania de fazer tudo como se tivéssemos uma segunda chance mesmo.
O que vem preenchendo ultimamente meus pensamentos é a ideia de autoconhecimento... sim, este que as pessoas dizem tanto que precisamos possuir e explorar mas que, inacreditavelmente, ninguém faz. Acredito mesmo é que somos hipócritas e tão mentirosos que, ao nos conhecer bem, sentimos vergonha disso e fingimos que não notamos. É bem mais fácil fazer vista grossa, às vezes. E se fazemos para os outros, por que não em relação a nós?
Mediadas pela ação do discurso de outrem, nossa mente, nossa formação moral, bem como nossas concepções várias a respeito de tudo são impressas de forma que, nem sempre somos aquilo em que acreditamos.
Acreditamos que julgar é preciso, punir é preciso, mas punir a si mesmo é sempre passível de concessões. Sempre deixamos para depois... Pensamos que não somos capazes de autopunição, então a vida se encarrega de fazer isso por nós. Os outros nos punem.
Sinceramente, não acredito nisso, nem acho que seja necessário. Olhar o mundo com sabedoria e desprendimento talvez seja uma saída inteligente mas... quem sabe fazer isso? 
Já repararam que tudo a que se refere a aprender parece estar ligado à ideia de punição? Não é preciso ser punido por ninguém para aprender, nem por nós mesmos e muito menos pelos outros... Acredito na lição da tolerância de que somos tão carentes, acredito na lição do Amor que prefere sofrer a causar dor em alguém. Pensamos logo, "Se me fere não me ama, logo não me fará bem..." se tem algo que não nos faz bem, é a certeza de que nos frustramos com nosso próprio EU. Nos mata de vergonha perceber que não valemos tanto assim para o outro ou que erramos a criar dele uma imagem...
Mas aprender é preciso... 
Acredito na eficácia da disciplina, desconfio do egoísmo dos que mantêm relações humanas - de qualquer natureza - por comodismo ou conveniência, confio no Ser Humano apesar de todas as suas falhas e apesar de todas as minhas falhas. Não desisto de ser EU nem do Amor dos que amo, mesmo que me imponham distâncias... naturalmente - nem por isso, com menor tristeza - afasto-me dos que me deixam só. Deve ser uma regra da vida...

Sei somente que muito penso sobre a vida e que, se me culpo, é por - e quando - deixá-la de lado e a desprezá-la em nome da tristeza.