Fragmentos de mim: setembro 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

Dias e dias...

Os dias passam depressa demais, mas também são muito lentos...
Ao passo que quero tanto liberdade, sou sufocado por ela.
Estou cansado de algumas coisas que me são vitais.
E agora? Como seguir? O que fazer?

São tantas mortes, tantas dores, tantas flores e cores que me tornam tão sem cor,
Tão sem mim...
Perco-me na imensidão do mundo em busca de algo que não sei bem do que se trata.
É... sou feito de tudo isso: de coisas que conheço e de outras indizíveis...
Simultânea a extração do néctar,
A vida também me obriga a provar lenta e detalhadamente o sabor do fel.
Viver é agridoce.

Não deveria, mas
Frequentemente esqueço-me de que o óbvio é o essencial.
É... estou envelhecendo e a lentidão começa a se fazer sentir em mim.
Não a lentidão da decadência, mas aquela da apreciação de cada detalhe...
Admira-me tanto a instantaneidade dos jovens em tudo,
Como são rápidos em recuperar-se, como passam depressa suas dores...
E quantos detalhes perdem...
Quão inocentes são, rio de tudo isso! Rio de mim tantas vezes

Invejo, porém, a rapidez com que saram as suas feridas,
Em mim jamais foi assim,
Acho que jamais fui jovem...
Ao contrário, vivo embriagado de vida,
Absintido de amar,
Afogado nos desejos de uma vida que me escapa a cada segundo e sem volta.
Sou a melancolia do Ser.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Autorretrato Subjetivo [2]

Sou como uma folha ao vento, guiada pela vida sem um destino certo.
Sou a soma de cada dia,
A subtração de cada dor,
A pureza de cada lágrima que me lava ao cair...
Sou o fruto de cada sonho que vivi quando sonhei,
A sanidade de meus devaneios, tão cheios de amor e paz...

Sou a poesia que fala ao calar,
Que grita em silêncio a minha dor,
Que denuncia a todos meus mais profundos segredos.
Sou a face oculta de mim,
Um começo sem busca de fim,
A negação de meu próprio "sim",
A alegria que chora,
Sou o meu sorriso naturalmente melancólico...

Sou a minha própria alma
E nela me perco, e com ela busco,
E inteiramente nela espero o que não tem nome,
Não tem rosto...
Tem apenas sabor, e é tão somente essência
A essência de mim...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

APOLOGIA AOS VALORES PERDIDOS

Sinceramente,
Prefiro aqueles que, por serem superiores, entendem o sentido de servir,
Os que não perderam a paz por falar a verdade,
Que não se despiram da beleza por se apresentar sem maquiagem,
Que com apenas um “sim” ou um “não” demonstram toda a sua coragem...

Pra falar a verdade,
Prefiro aqueles que por serem elegantes, são simples,
Que, por serem sábios, são humildes,
Que por saberem muito, ensinam a sentir...

Sinto dizer que,
Estamos carentes dos que param para ouvir,
Dos que, ao calar, dizem muito, fazem muito,
Valem mais.

Preciso falar,
Estou farta dos que falam sem pensar,
Dos que julgam sem saber,
Dos que fazem sem sentir,
Dos vivos sem alma,
Dos espíritos vazios,
Dos valores perdidos,
Dos que nem sabem que “são”.
 

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Onde foi que eu errei?

ONDE FOI QUE EU ERREI? Sempre que alguma coisa não sai como gostaríamos, é este o questionamento que nos vem à mente. E mais, quanto maior o esforço e a dedicação que legamos a algo, maior o nosso constrangimento diante da frustração de termos agido errado.
Erramos sempre e nunca nos habituamos com isso. É sempre como se fosse a primeira vez, mesmo quando o erro é o mesmo de antes. Às vezes, parece que errar é carga negativa que somos obrigados a carregar a vida inteira. Julgamo-nos incapazes, inferiores, verdadeiros monstros que, de maneira imperdoável cometeu o erro de querer bem demais, amar demais, esperar demais, negar-se demais às oportunidades que nos vieram e não fomos capazes de enxergar na hora certa.
Erramos quando julgamos ruim quem não conhecemos devidamente, quando julgamos perfeito alguém apenas porque o amamos, fechamos os olhos aos nossos defeitos apenas por serem nossos. E nos decepcionamos, castigamo-nos quando nosso orgulho destrói algo que julgávamos estar construindo.
Se alguém nos decepciona, a culpa é dele. Se os outros nos machucam, a culpa é deles, se nada deu certo, a culpa é dos outros! Culpa, culpa e culpa... É uma palavra que pesa, um conceito que machuca e fere de maneira impiedosa como se tívessemos cometido o pior dos crimes.
Entre a culpa e o arrependimento, fico com o segundo: Prefiro seguir em frente a sofrer por coisas que não voltam. Ao decepcionar-se com o outro, que tal lembrar que cada um é como é e que a maneira como o vemos é um conceito nosso?
Se nos sentimos feridos quando a alguém nos machuca, não é por que o outro simplesmente mudou, mas sim porque naquele momento estamos entrando em contato com um fragmento dele que ainda não conhecíamos. No seu todo, o ser humano é indecifrável e nosso olhar limitado a respeito do outro (e por que não de nós mesmos) faz com que os percebamos como traidores e volúveis, de personalidades com caracteres efêmeros e frívolos, quando na verdade, cada um é como é e age de acordo com cada situação, vontades e interesses próprios.
Não é que a hipocrisia não exista, ou que todos sejam bonzinhos. Ao contrário, trata-se de lembrarmos de que se os outros nos surpreendem (positivamente ou negativamente) não é porque ele mudou de um instante para o outro.
Trata-se também de saber que as coisas não deram errado somente porque não saíram como queríamos, mas que deram certo de acordo com a condução que demos a elas. Dizer sim sempre não é amar, bem como perdoar não é sinônimo de fraqueza. Tudo depende de nossa aceitação e honestidade com todos, especialmente com aquele de quem nunca nos livraremos: Nós mesmos. Quanto aos outros, em nossa vida não permancerão todos que por ela passarem, mas sim aqueles que decidirmos tolerar os "erros". Às vezes, o "Onde foi que eu errei?" não está em nós (apenas) e a resposta vai depender muito do que fomos capazes de aprender com o suposto erro.
"Viver é uma Arte"!