Fragmentos de mim: 2013

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mensagem de fim de ano?

Eu poderia me despedir do ano que ora termina. Poderia, tão simplesmente, prestar os votos tradicionais e nem sempre verdadeiros e tão comuns nesta fase do ano. Eu poderia ser alguém comum. Eu poderia ser louca, fazer um escândalo, gritar ao mundo tudo que ficou engasgado ao longo dos últimos doze meses. Vomitar toda angústia e toda dor que não sarou, bem como pular de alegria e dizer bem alto tudo que consegui.
Eu poderia fazer tanta coisa... Poderia ter feito tanta coisa... É período de balanço, de autoconhecimento. Não sei a quem nem a quantos, mas para mim, é. E sei que de alguma forma, esse ano de sufoco me ajudou a ser melhor, nem que seja um pouquinho. Eu poderia fazer muitas coisas, agradáveis ou não, eu  sei que poderia e ainda posso. No entanto, só me resta uma vontade: Ser feliz!
Cheguei a uma grande descoberta: A Felicidade não custa caro! E nesse momento de descobertas tão profundas, muitos rostos me passam pela mente. A todos, sem exceção, eu agradeço. Aos que me fizeram mal, aos que me fizeram sofrer, aos que mentiram e mentem sobre mim, Obrigada. Sim, obrigada, pois vocês me fazem valorizar a verdade, enxergar com mais lucidez meus defeitos e, consequentemente, tornar-me melhor. A vocês, eu asseguro, não pagarei com a mesma moeda, estou ocupada demais sendo feliz com cada um que me fez bem durante esse ano.
A estes, meus queridos que há alguns anos me acompanham, bem como os que agora têm se chegado a mim, seja por vontade ou consequências da vida, sejam bem-vindos. Obrigada por todo o bem que me fizeram, pois com vocês eu coloco em prática o bem e o amor que os que não me amam ajudaram-me a valorizar.
Termino o ano amando, apaixonada. Amar é inevitável, disse-me uma poetisa. E acrescento: Amar é indispensável, é vital, é oxigênio da alma. Se serei retribuída, pouco importa, amor que e Amor, liberta. Que a partir de agora eu esteja receptiva a toda mudança que me vier, que eu me encante comigo a cada descoberta. O mundo tem as cores com que eu decidir pintá-lo e quero-o lindo, cintilante. Não são desejos de fim de ano, são conclusões de uma alma viva e que assim se sente.
Quanto aos votos de fim de ano, eu poderia desejá-los como normalmente todos os fazem. Mas só a título de informação, eu não fiz isso. Se desejei feliz natal e ano novo a você, considere-se parte de minha alma, considere-se alguém de "peso" em minha existência.
Sejamos felizes, cultivemos amizades sinceras, cativemos uns aos outros. Os anos passam, a gente muda. só o que é verdadeiro permanece.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Eu te reclamo em silêncio: Minha boca cala, meu espírito te chama

E eis que as almas afins reclamam-se mutuamente, mesmo que a mente se engane, engane, negue... O fato é que quando se tem uma ligação espiritual com alguém, os pensamentos se atraem, atraem a presença do outro, mesmo que um ou outro não queira assumir nem para si mesmo. E é assim que tem sido.
Assim também é o amor. Certa vez, disseram-me que somos especiais mesmo é para Deus. Concordei em partes, pois apesar de jamais comparar-me a Deus - por ser indigna de tal comparação - acredito que somos também importantes uns para os outros e que, por isso, reclamamo-nos mutuamente por meio de pensamentos carinhosos, lembranças doces ou mesmo amargas, bem como num desejo da alma de que aquela pessoa esteja bem... Mantemo-nos ligados uns aos outros de tantas outras formas que somente a vivência nos pode mostrar.
Apesar de limitados, somos importantes ou, no mínimo, alguém é importante para nós. E vejam como são doces, misteriosos e profundos os caminhos do espírito! Mesmo as pessoas que não nos correspondem, ainda assim, permanecem importantes a nós.
Há alguém assim, alguém que minha alma reclama, que deseja que esteja bem, mas que as relações interpessoais simplesmente anulam esse contato de forma concreta. Fica, portanto, no espaço mais verdadeiro: Em minha alma.
Impossível não se encantar em como é interessante é quando o pensamento chega a gritar pela pessoa, clamar por ela e ela, do nada, aparecer... Nem me dirige a palavra, mas aparece, e feito um ser que está do outro lado de um campo de força, transparente e intransponível, eu a vejo, sem podê-la tocar. Não nos falamos. Não consigo penetrar-lhe a alma, embora sinta que algo muito profundo reside ali.
É docemente triste perceber que como se eu fosse invisível, a pessoa ali permanece por algum tempo, retira-se como se eu não existisse e, em silêncio, agradeço a Deus por ela estar bem, ou ao menos aparentemente bem.
E lá no fundo da alma algo grita. Inquieta-me não ter certeza se ela ouve esse grito. Se ouve, ao menos, fisicamente, não responde. Acho que as almas comunicam-se de alguma forma, mas é profundo demais e, por isso, a consciência do corpo físico não consegue alcançar, não consegue visualizar de forma nítida...
É estranho...
No fim, algo fica... Algo de doce, de terno, que de tão verdadeiro não precisa ser visto nem ouvido com os sentidos do corpo físico, uma vez que é do Espírito que os verdadeiros sentimentos brotam, é nele que os verdadeiros sentimentos residem. Portanto, não precisam sair do âmago de nossa existência para serem o que são.
Eu sei, tenho certeza... Se a muralha transparente que nos separa continuar a existir onde o peso dos corpos físicos nos separa, um dia minha mão se estenderá para cumprimentar docemente a sua e eu sei, que nesse momento, haverá compreensão de todos os gritos que ora dispensam voz, mas que se concretizaram nos olhares trocados em silêncio e nas vezes em que o silêncio se fez/faz precipício entre nós.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A mudança

E eis que já me preparo para mais uma mudança de casa... É, esse é um dos males de não se possuir casa própria. Por outro lado, temo que um dia, não precise mudar mais, pois apesar do estresse que toda mudança acarreta, é muito legal respirar novos ares, mesmo que seja na mesma cidade ou, no meu caso, no mesmo condomínio.
No entanto,  o que me leva a produzir esse texto não é a mudança em si, mas a recordação de um fato inusitado, cômico e por que não, de certa forma traumático, que norteou uma dessas minhas mudanças... Eu estava à procura de uma casa, e uma amiga me acompanhava nessa procura. Na época, ela pretendia que dividíssemos despesas, o que para mim, era uma alternativa interessante. Além de boa companhia, diminuiria um pouco minhas despesas. O fato é que encontramos uma casa perfeita: bem localizada, valor de aluguel acessível e próximo ao meu trabalho.
Mas que triste! a casa não poderia ser alugada, afinal a proprietária resolvera reformá-la, dado o estado deplorável em que esta se encontrava. Sem contar nos inúmeros assaltos e péssima vizinhança que teríamos. Bem, que sorte. Não alugamos, é claro.
Tamanha foi a revolta, no dia seguinte, quando descobrimos que uma amiga nossa alugou a dita casa e que ela estava em perfeito estado de conservação. Mas, como??? Nossa colega havia ido ver a casa, na companhia do marido, o que, de pronto, fez com que a proprietária a alugasse com maior prazer e num valor mais acessível ainda.
Não, a casa não precisava de reformas. O problema era eu. Ou melhor, o problema era proprietária achar que minha amiga e eu formávamos um casal. Qual revolta foi a minha ao descobrir isso!? Eu? gay?? Como assim???
Fui ferida na alma com isso e confesso que, apesar de respeitar e amar de coração meus vários amigos homossexuais,  minha revolta inicial esteve relacionada ao fato de eu ser julgada por algo que acredito, até agora, não ser. Nunca me havia passado pela cabeça ser homossexual e, muito menos, como é cruel a rejeição a que se submete uma pessoa por isso. Rapidamente, minha ira aumentou. Afinal, se eu fosse homossexual eu não teria, segundo essa mulher, o direito à moradia? Quer dizer, então, que meu dinheiro, fruto de meu trabalho honesto, não teria valor algum caso minha aptidão sexual não fosse a que a proprietária da casa quisesse ou achasse aceitável?
O fato é que esse episódio me modificou. Rende, ainda hoje, muitas gargalhadas e brincadeiras entre amigos, sempre com um fundo de respeito e reflexão acerca de até onde vai o nosso direito de julgar o outro. Sei que ao falar em respeito, também preciso - todos necessitamos - respeitar toda e qualquer forma de pensar, por mais estranha e pernóstica que pareça, inclusive as posturas que repelimos. Afinal, cada um tem o direito de pensar como achar conveniente a si e de acordo com seus valores e formação moral, cultural e blá blá blá. Mas, mesmo assim, não me conformo.
Mesmo depois dos trinta, eu ainda queria mudar o mundo.
Hoje, respeito mais. Por alguns instantes, pus-me na pele dos meus amigos homossexuais, ou melhor, fui colocada na pele deles. Graças a isso, pude provar um pouco mais do preconceito e intolerância humanos que vivem a buscar um motivo para excluir, banir alguém do seio de pessoas perfeitas do mundo, por algum motivo. Já não bastava ser rotulada como deficiente por não ser como a maioria, que possui o rosto de uma única cor, também me senti um pouco gay. De alguma forma, acho que precisava viver isso. Se não precisava, vivi do mesmo jeito e essa experiência fez-me diferente a partir de então.
Elaborei, graças a isso, uma teoria: Devo buscar me conhecer mais e melhor, bem como respeitar cada tipo de pensar, inclusive os preconceituosos e excludentes; Chego a uma conclusão: deve ser tanta intolerância que faz as pessoas serem tão doentes. Talvez seja por falta de autoconhecimento ou mesmo, por não aceitarem aquilo que descobrem sobre si mesmas, que algumas pessoas se tornam tão infelizes e amargas.
É interessante como as pessoas tendem a destilar nos outros toda a intolerância que carregam sobre si mesmas. É estratégia de sobrevivência, eu entendo.
O fato é que a natureza é perfeita e não nos permite olhar em nossos próprios olhos sem o auxílio de um espelho. E graças a isso, muitos sobrevivem procrastinando o momento de se colocarem cara a cara, diante do espelho da subjetividade. Estaria aí o motivo de tantas depressões?

sábado, 23 de novembro de 2013

Sem literatura, por enquanto

Confesso que estou com saudades deste espaço, bem como das rotinas de ócio e sorrisos fáceis... Por isso, aqui retorno, embora não me encontre em condição alguma para produzir algo decente. Várias foram as tentativas de produzir algo que se assemelhasse a um poema ou prosa. Todas frustradas. Hoje, sinto que minha literatura sou eu mesma, sem metáforas, isenta de mímeses, despojada de toda e qualquer veia artística, se é que a tenho.
Definitivamente, hoje não sou poeta fingidor... Hoje eu não sei mentir.
Sem explicações, estou com sintomas de tristeza. Nada especial, mas não estou a fim de sorrisos. Até por que não seriam sinceros.
Perdida em meio às tempestades da alma, unida aos trovões e frustrações muito meus e somados às correrias da vida, indago-me em silêncio até que ponto vale a pena e até ponto eu caminho em direção ao topo... ou se o caminho não está sendo exatamente o contrário. A direção pouco importa. O que tenho encontrado pelo caminho, ao contrário, faz muito sentido e faz-me. 
Eis que o fim do ano está chegando e como todo fim do ano, as pessoas enchem-se de sentimentos melosos que, para ser sincera, irritam-me. Prefiro a melosidade do ano inteiro às manifestações súbitas e passageiras de amor eterno. É chegada, em mim, a fase dos pesos. Fecho-me para balanço e contabilizo os lucros e perdas ao longo do ano que espero ver terminar. 
Uma coisa é certa: Aprendi a ser mais lenta. Não adianta correr, pois querendo ou não, a vida nos manterá no ritmo dela. Minhas conquistas invisíveis ao mundo tem-me feito melhor, embora menos falante, provavelmente mais prudente e, por isso mais forte. 
Decepcionada. Isso sim, e muito. Descobri não ser tão boa em certas coisas como pensei que fosse. E é sempre um choque descobrir-se não tão bom, limitado, medíocre... É fundamental a dificuldade a fim de conquistar o sucesso, mas em meio às limitações, não sejamos hipócritas, a sensação é de fracasso mesmo.
Por outro lado, também me percebi melhor em outras coisas que, sequer, imaginei saber fazer... Das conquistas, as melhores foram as pessoas, especialmente as que permanecem em minha vida. Estão comigo e agora, sei que mais "comigo" que antes...
Aliviada, muito aliviada pelas pessoas que finalmente saíram de meu coração. Estava pesando e doendo carregá-las. Tanto que nem deixaram saudades. Apenas lembranças esporádicas, afinal o cérebro ainda está ativo, embora cansado.
Alguns, sem querer e nem saber, estão querendo habitar meu coração e estou cautelosa quanto a isso. Alguns me ensinaram e estão me ensinando a ser mais organizada, mais centrada, mais profissional e humana. Mesmo sem querer, há aqueles que estão a me puxar para o chão e me ensinando a andar com os pés firmes nele. 
A vida é um caminho árduo. Não sei se para todos é assim, mas para mim tem sido uma aprendizagem atrás da outra. Sentimentos e aptidões novas, desprendimento, liberdade e, como não poderia faltar, novas prisões.
Ainda falta um pouco para fechar o ano, mas estou certa que sairei dele mais humana, mais mulher, mais gente e mais segura de mim, embora ainda não saiba exatamente o que a vida quer de mim.

A todos os que compartilharam, estão compartilhando e compartilharão ainda comigo alguma lágrima, algum sorriso, alguma crítica ou algum trabalho,
Muito obrigada por até aqui...
E, por favor, não sejam melosos e carinhosos no fim do ano, Sejam o ano inteiro, mas APENAS se for para atender a um clamor de seu coração.

E antes que perguntem: Não, não estou triste, embora também não esteja feliz. Estou, talvez, apenas um pouco poeta. Apesar de, sem literatura, por enquanto...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Laços invisíveis

Verdadeiros são os laços da alma, bem como os nós que nela se podem criar...
E entre laços e nós prefiro os que são mais leves, o que possuem um caminho e aparência bonita, pura. Embora aparentemente mais frágeis, prefiro os laços. Os laços não machucam e porque não machucam não sufocam e porque não sufocam não podam a liberdade e, por essas e outras, duram mais... Os nós, ao contrário, não têm tanta beleza, assemelham-se a emaranhados poucos organizados e, normalmente, precisam ser cortados antes que alguém morra.
Tenho tido muitos nós e descoberto muitos laços que amo admirar, pois se ainda vivo, se em minha alma há calor e luz, em boa parte devo isso a estes laços.
Interessante é perceber o quão distantes alguns estão de meu corpo físico, invisíveis aos olhos, impossíveis ao corpo, ao calor do abraço. No entanto, como me aquece a alma a simples recordação de sua existência. Há mesmo aqueles a quem meus olhos nunca viram, mas que povoam meu espírito muito mais que muitos que vivem a meu lado. Para mim, isto prova que os verdadeiros laços são tão invisíveis quanto eternos, tão doces quanto ternos, tão vastos quanto o universo.
Ao contrário dos nós, os laços não precisam ser vistos, demonstrados,dispensa provas constantes. Laços verdadeiros são invisíveis, leves feito a brisa e porque são leves acariciam o espírito, verdadeira e eterna morada dos grandes amores.
Criar nós é, por sua vez, o mesmo que envenenar-se com as próprias ações, com as próprias palavras, com os próprios sentimentos. Não é Amor, é dor. Alimentar os nós é como torturar-se indefinidamente, infinitamente. Ama quem não prende, quem coroa com um belo laço o presente que é o Amor fraterno, materno, amor de casais. Os verdadeiros amantes amam, antes de tudo, a alma, depois o corpo, bem como resistem ao modificar da aparência física. Daí serem os verdadeiros amantes os grandes amigos.

Tributo especial a meus pais e meu irmão, bem como àqueles com quem a divina luz tem me presentado. Dentre eles Tânia, João Paulo, Bruno Akimoto (seres em quem penso neste exato momento)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Aleatórios

Complicado é quando sobram os sentires e faltam as palavras...
Bate, às vezes, uma preguiça em pensar nas palavras que poderiam traduzir os sentimentos,
Bem como os loucos pensamentos de uma mente que não pára,
Por mais exausto que esteja o corpo.
Estranho perceber que a poesia da alma não cessa, mesmo quando as palavras calam,
Os versos somem, as palavras teimam em não aparecer e a voz emudece...

É estranho, tudo é estranho a mim, ou então, eu é que sou estranha ao mundo,
Ao que há, ao que em mim há...
Talvez o caminho seja não ter um caminho, pois planejar consome o tempo de andar...
Certo é que apenas a poesia restará, mesmo que nunca em verso,
Mesmo que muda... Poetizar apenas, mesmo calada,
Desde feliz a triste, desde sonora a muda,
Desde viva até a morte.

Por onde andam as palavras que eu queria dizer?
Sabem elas os caminhos do que sinto,
Ou apenas seguem cegas tal qual o ser que anda sem caminho certo?
Queria fazer poesia, bateu saudade dos versos,
Mas as palavras se foram, ou deixou-me a vitalidade de buscar concretizar em sílabas e sons
As ciladas de estar viva, embora sinta-me morrer...

E viver e morrer confundem-se, fundem-se num eterno de existir
Que vai para além de mim,
Para além de minhas palavras e estarão sempre comigo na eternidade doce de viver
Mesmo quando não mais me enxergarem,
Mesmo quando as palavras faltarem,
Mesmo quando restar apenas o que for meu
Apenas eu,
Na eternidade de mim.

domingo, 9 de junho de 2013

A noite está fria...

A noite hoje está fria, como há dias não a sentia. Carregada de mistérios, a noite é somente ela mesma e suas sementes - do bem e do mal - estão em mim. A noite hoje está fria e, no entanto, eu sinto sede...
Meus lábios estão secos de algo cujo nome não sei. Sei apenas que é algo total e exclusivamente meu, intocável, indefinivelmente meu.
A noite hoje está fria, mas minha alma sente calor, meu corpo arde de uma vontade infinita de estar viva. E, embora minha pele necessite de lençóis que aqueçam a carne, meu espírito sente-se aquecido pela divindade de Ser.
A noite hoje está fria e todo o calor do Universo reside em meu espírito, em nome de todo o Bem que viver representa. E hoje, só por hoje eu quero cometer todas as loucuras por amor. Hoje eu quero um amor para a vida inteira e, com ele, cometer todos os pecados dignos aos amantes. Só por hoje, eu quero um amor eterno, terno... Quero com ele compartilhar partes de mim e, no fim, deixá-lo ir embora como um dia que se vai com o crepúsculo.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Um toque de Deus

A vida, seus submundos e encantamentos... Certo dia percebi que isso existe e que é muito mais forte e verdadeiro do que um dia pude imaginar. Eu estava cansada, exausta de um dia inteiro de trabalho e sentia-me consumir pela inconsciência provocada pelo cansaço. Era um frangalho de gente, com olhos onde se cavavam profundas olheiras, pés pesados e um semblante fechado, típico de quem desejar fechar-se pro mundo.
Não que o mundo fosse ruim, mas eu estava em péssimas condições de fazer parte dele. Olhava para as coisas, casas e pessoas ao meu redor e, instantaneamente, via-me consumida por uma indiferença única diante do fato de existir. Quando não, tudo me irritava. Eu estava feito um barco à deriva, que desejava um lugar, um porto onde atracar e esse porto era a minha casa.  Sabia que lá não teria o aconchego de ninguém, além das paredes frias e de uma cama vazia à minha espera.
Fiquei ali, parada, aguardando ansiosamente a vinda do transporte coletivo. Na verdade, não estava ansiosa, não sentia a mínima disposição para sentir alguma coisa que exigisse de mim energia, por menor que fosse. Queria estar em casa, nada mais. Jogar-me ao primeiro cômodo onde pudesse descansar o corpo... Havia anoitecido e, aos poucos, as luzes dos postes começaram a misturar-se com as dos faróis dos carros e das lâmpadas que as pessoas acendiam em suas casas e eu ainda estava ali, aguardando, inerte e totalmente passiva diante da vida, a oportunidade de voltar para casa...
Olhei em direção ao local de onde vinham os ônibus e senti minha visão falhar. Nesse momento, eu não me sentia mais humana. Não sentia mais nada, sequer existia. Não era notada e nem queria, ou sentia, poder em me fazer notar. Na verdade, minha visão ficou turva e, por alguns instantes, não consegui mais distinguir o que eram os faróis dos carros, as luzes dos postes ou das casas. Olhei o céu e percebi-o estrelado e também as estrelas vieram fazer parte desse emaranhado de luzes. Percebi então, que as cores não eram mais cores apenas, elas brilhavam e tinham uma textura delicada, cintilante, podia senti-las como algo macio e delicado. As casas misturavam-se umas às outras e eu senti-me parte de tudo isso.
Eu não estava mais naquele corpo cansado, dolorido e pesado, eu flutuava sobre as casas. Feito mágica, as buzinas e vozes ao meu redor tornaram-se música. Eu era conduzida por todas aquelas luzes a uma dimensão até então desconhecida, e sorria. Não sei se meu rosto cansado sorriu, mas meu espírito, sim. Sorria um sorriso leve e tranquilo, ausente de todos os cansaços do corpo. Não sei por quanto tempo, eu me senti parte do cosmos... Ah, sim, eu era um pouco de Deus e dor alguma me atingia. Voltei a mim não sei quanto tempo depois, já no transporte coletivo, de volta para casa.
De volta ao velho e cansado corpo, senti que ele pesava mais ainda que antes da experiência surreal há pouco experimentada. Uma leve dor de cabeça assomava-se ao meu cansaço, mas a alma estava leve, preparando-se, inconscientemente, para conhecer os pântanos escuros e lamacentos que me aguardariam alguns dias depois.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Eu tenho um amor...


Descobri, depois de muito quebrar a cara que o amor não dói,
Que é a falta de amor que faz doer e sofrer...
Que a chama que aquece a paixão, excita a alma, é gostosa e ardente,
Mas não é amor... Ela apaga, e ainda bem, pois suas chamas queimam os tecidos da pele da alma...
A chama do amor, por sua vez, tem o mesmo excitar da paixão, mas o sabor é diferente: é encorpado, pois a chama do amor, aquece sem ferir...

Depois de um tempo, percebi
Que amar não é concordar, mas respeitar alguém que, mesmo tendo todas as diferenças do mundo, continua sendo insubstituível...
Que pessoas que nunca brigaram, que jamais sentiram o fel das diferenças não sabem se amam verdadeiramente,
Não é que o amor precise de provas forçadas,
É que é fácil amar se não há do que se irritar...

Depois de muito sofrer, percebi que não preciso sentir dor, amargura ou insegurança para amar. Que o amor dispensa humilhações e exige pisar no chão, em terra firme, para existir...
Que as chamas do amor são diferentes, pois permanecem acesas após os baldes e cachoeiras de água fria que as relações humanas nos impõem.
Descobre-se que se tem um amor quando após gritar pro mundo inteiro que não sente mais nada, que não há razões para isso, que tudo acabou, que era uma guerra (e que finalmente acabou)
Uma voz bem doce e suave feito brisa canta dentro da alma, dizendo que na verdade, agora é que se ama mais...
Que não importa se há dias de solidão, pois a alma do amante nunca está só...
Depois de tudo, descobri, finalmente, que tenho um amor,
Que buscarei quando sentir saudades, que encontrará as portas abertas, pois não é prisioneiro...
Que voltará sem que eu exija isso,
E que continuarei a viver (embora não de forma tão plena), mesmo sem sua doce e prazerosa companhia...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O pior de mim...


Constantemente, criamos imagens uns dos outros...
Entretanto, não são minhas palavras de afeto ou doçura que me definem:
Os momentos em que me encontro aparentemente em paz são momentos,
Nada além disso...
Há em mim a ira, o ódio, a mágoa, a dor...
Permeiam meus pensamentos ideias insanas, cruéis e, mesmo doentias.
Sádicas...
E isso, tanto quanto minha doçura e serenidade, também me define...
Não sei se sou boa ou ruim. Sou, apenas.
E sou as duas coisas, por não ser perfeição, mas por ser tão somente vida em evolução,
Consciente disso, em guerra constante contra mim e a favor de mim.

Porque todo julgamento limita, gera expectativas e cobranças de coisas,
Cujo preço não estou disposta a pagar.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

palavras...

Ai, palavras que feito perfume exalam pelo ar,
Ah, palavras que feito música, na música, permitem-me cantar...
Ai, palavras que na dor de minha alma, permitem-me chorar,
Ah, palavras...

Que faltam,
Que falam,
Que gritam,
Que calam...

Palavras que abrem feridas,
Palavras que curam,
Que, na linguagem da alma, dispensam dicionário.
Que ajudam aliviar a dor de uma saudade,
Ou a destruir uma vida se mal dita.
Palavra maldita!

Ah, palavras, tão inúteis, às vezes,
Quando a alma sofre e falta alguém pra ouvir,
Falta alguém para falar...
Palavras que matam, aterrorizam, se falam demais...
Reveladoras, esconderijos, delação,
Tortura...

Ai, palavras de dor,
Palavras sem cor,
Palavra sabor,
Palavra perfume,

Palavra AMOR.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Porque todo Amor é pra sempre...


Queria poder te arrancar de mim,
Tal como se arranca do jardim a erva daninha...
Mas meu jardim não é de flor e,
Por isso, não posso...

Te arrancar, então, seria o mesmo que tirar minha própria alma.
Decidi carregá-lo em mim e para sempre,
Mesmo sem tê-lo ao alcance dos olhos e do tocar...

Oh, amor louco, tão oposto a mim
E de mim tão distante, que de meu eu tornou-se parte
Oh, amor doido, que de tão livre, encarcera-me em mim mesma...
Oh, amor insano, que de tão contrário a mim, fez-se indispensável...

Ajuda-me a me conhecer e a me fazer melhor que antes,
E amanhã, melhor que hoje,
E na outra vida, melhor que nesta...