Fragmentos de mim: maio 2016

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Um Amor para a vida inteira...

Eu tenho um amor de verdade. Sim eu tenho...
E essa certeza me faz acreditar que o Bem sempre vence,
Assim como nos filmes tradicionais.
Essa certeza me garante que a vida é mais
Que há almas que simplesmente se amam, assim mesmo sem explicação alguma.

Eu tenho um amor de verdade, porque eu sou capaz de amar,
Mesmo morrendo um pouco a cada dia de tanta saudade,
Porque amor não é propriedade,
Porque todo Amor que se preza, garante a liberdade...

Eu tenho um Amor de verdade, eu amo...
E a pessoa que eu amo é a mais linda do mundo,
Tem a pele mais suave, o olhar mais doce,
O sorriso mais sincero e o poder de transformar toda a minha vida com uma palavra.

Sim, eu tenho um Amor de verdade, um Amor que resistirá a tudo
Em qualquer tempo, em qualquer situação da vida
E para além da vida...
Porque os amores verdadeiros não morrem,
Eles cravam n'alma e se tornam parte de nós...
Um grande Amor é uma parte de nossa alma respirando em outro corpo, em outro lugar...

Porque amar verdadeiramente não exige nada em troca,
Nem relacionamento sequer. Porque o espírito é livre e eterno
E o Amor que eu trago vem de outros tempos e vai comigo para onde eu for no futuro.
Para além dos tempos, aonde a vida persiste depois da morte.
Eu tenho um amor de verdade e não preciso possuí-lo,
Eu aceito morrer de saudade só pela honra de carregá-lo em mim.

Amar não é estar com alguém,
Amar é estar na companhia mesmo na solidão,
Pois os que amam verdadeiramente têm a alma vagueante pelos caminhos do Bem
Amar é enxergar tudo e com tanta clareza que mesmo as verdades mais cruéis são digeridas em paz.
Por amor a gente morre e ressuscita muitas vezes numa mesma vida,
Por amor se morre e permanece vivo
Mesmo depois da morte.


terça-feira, 24 de maio de 2016

O poder do tempo

Já escrevi sobre fotografias em outros tempos, já falei sobre como as imagens do passado, registradas em algum momento, possuem o poder de me transportar para aqueles tempos, para aqueles sonhos, para ausência total deles... pois bem, hoje isso me ocorreu novamente. Mas diferente da oportunidade anterior, a imagem não era de mim, mas de uma família que conheci na infância e que a vida, em suas tramas invisíveis a olho nu, tratou de afastar. 
A imagem partia de uma tristeza. Um dos membros da família - numerosa família constituída por nove filhos - havia acabado de  encerrar sua trajetória nesta vida. Lembro-me dela... Ontem fiquei sabendo de seu estado de saúde e agora, de sua passagem para outra dimensão. É, o mundo das redes sociais nos aproxima de muitas pessoas. Ver uma foto antiga da família me levou ao passado... Um passado sofrido para todos nós, repleto de privações para todos... Lembrei do casamento dela... Eu fui ao casamento dela e de algumas outras de suas irmãs... Nossa, me dei conta de como o tempo passou rápido. 
Algumas eram mocinhas enquanto eu era criança. E hoje, uma é falecida, outra - a quem admiravam a beleza, já será avó... uma de suas lindas filhas já aguarda a chegada do primeiro filho... Inevitavelmente, pensei: "poxa, vida, você passou rápido e eu não estou envelhecendo sozinha". Enquanto eu me dediquei aos estudos e hoje me dedico ao trabalho, aos bichos, a descobrir quem sou nessa vida, bebês nasceram, crianças cresceram, jovens se tornaram mais velhos, idosos se foram, jovens se foram, transformações tão profundas aconteceram... e eu? o que tenho feito de mim?
Não sei ao certo, só sei que fiquei adulta rápido demais e ao mesmo tempo, sei que estou envelhecendo por fora, talvez mais rápido que por dentro. Estou consciente disso de uma forma tão profunda que não consigo entender ...Ou será que a alma é tão antiga que não tem sentido o abalo dos anos?  Não sei... Só sei que a imagem ressuscitou minha casa antiga, ressuscitou meus avós maternos, em cuja casa eu passava a maior parte do tempo na infância, me fez sentir de novo aquele ambiente aconchegante da rede na casa da vó, o cheiro da terra molhada em épocas de chuva, os carinhos nos bezerrinhos com os quais brincava toda manhã enquanto meu pai tirava o leite das vacas... ah e o sabor do cuscuz genuíno do milho, que minha avó ralava pacientemente todos os dias...
Ah, que saudade... saudades dos sonhos que morreram com o tempo, apagados na poeira das memórias mais antigas, saudade da vida que não volta e, ao mesmo tempo, quanto agradecimento por tudo o que passou...
Talvez eu saia dessa vida sem progredir muito, talvez eu saia sem construir coisa alguma, talvez eu esteja jogando tanto tempo fora... talvez eu não case, não plante uma árvore, não tenha filhos, não escreva um livro... o bom de envelhecer é que a gente vai perdendo a pressa... mas hoje me caiu a ficha de que eu estou vivendo e que a vida é agora, ela não volta, não tem replay, só flash back. Voltar à vida não é repeti-la, mas vivê-la de forma diferente, melhor... E agora mais do que nunca, isso tudo é tão forte que eu me permito admitir que a mente muda, os valores se aprimoram, as rugas não tardam e o corpo começa a padecer, a alma se transforma e que tudo se torna muito mais profundo que era antes...
Com o tempo, a gente passa a sentir mais as coisas... E tudo isso é muito mais sério do que eu estou habituada a perceber.
Viver é agora, viver é para sempre.