Fragmentos de mim: dezembro 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O espelho interno


O tempo não apenas passa, voa... Incrivelmente calmo, ele abre e fecha feridas, destrói verdades e cria dúvidas, renova esperanças enquanto envelhece corpos, pessoas...
 E eis que as crianças tornaram-se adultos. Uns bons, belos, outros nem tanto. Muitos casaram-se, descasaram-se, tornaram-se pais e mães, grandes profissionais ou, simplesmente, sumiram-se, apagaram-se na poeria do tempo e da memória, que tudo guarda, mas nem tudo recorda.
Apesar de bobo e óbvio,e interessante perceber que os adultos de minha infância são os idosos de hoje e que, no amanhã, tão breve a chegar, os da minha geração e eu, seremos os idosos...
Interessante recordar o nome de uma criança ouvido na infância e vê-la transformada num homem ou mulher com rugas aparentes, olhares e andares cansados. Assim como eu, que pouco a pouco, sou roubada pela fisionomia de uma mulher madura, meus pais são tragados pela imagem de meus avós, enquanto novas crianças surgem no mundo.
Enquanto alguns medos e fantasias, problemas e dores simplesmente não passam, apenas tornam-se mais pesados pela fraqueza física do cansaço, a maturidade e a paciência nascem, tal como crianças doces e mudas e, nem por isso, menos sábias...
Alguns de meus grandes heróis, simplesmente morreram ou descobri que não mais me fascinam. Outros perderam-se na imensidão dos dias curtos que passam incessantemente.
O difícil disso talvez seja perceber que embora tudo tenha mudado, se transformado, surgido ou ido embora, eu simplesmente, não saí do lugar, e muito menos, cheguei aonde gostaria de ter chegado, embora tenha viajado bastante, até quando não me desloquei a lugar algum.
Agora sim está claro, a vida é movimento, por mais que eu me negue a me mexer.

domingo, 2 de dezembro de 2012


Solidão parece palavra que remete à eternidade,
profundidade,
imensidão...
Forte como a morte,
Absoluta como a vida.

São tantos andando de um lado pro outro,
ao nosso, lado, e, ao mesmo tempo tão distantes de nós...
Chega a ser difícil se sentir à vontade no mundo.
É como morar a vida inteira na mesma casa e não se sentir parte dela,
É como olhar para a família e ter a sensação de estar na casa errada,
É como perder-se de casa, de uma casa cuja recordação é opaca,
É como estar vivo e não sentir o coração bater.

Carrego em mim as ausências de um mundo inteiro,
As esperanças de uma existência eterna,
E as desilusões de uma vida que passa,
fugazmente, por mim.