Fragmentos de mim: maio 2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O desvão da alma

Trago guardados no peito muitos segredos,
Escondidos nos desvões mais profundos da alma...
Lá escondo o que meus olhos denunciam,
Escondo o que eles não querem ver por medo,
Ou que guardo por zelo, simples zelo de possuir.

Sou o que o meu silêncio diz, o que meu toque apaga ou provoca.
Sou a agressão da vida a mim mesma,
O engano de ser o que gostaria,
A certeza de ser o que não queria,
A incapacidade de nega-me a mim, ao que supostamente amo.

No desvão mais profundo do meu ser guardei o que me sufoca,
Calei os gritos e gargalhei estridente.
Ouvi os chamados da vida e ignorei boa parte deles...
Não sei o porquê, mas o fiz...

Possuo a alma dos desvões inatingíveis,
Tão misteriosos que eu mesma os desconheço.
Possuo o coração das causas claras, raras
E dos toques agridoces que minhas palavras revelam.

Sinto os sentires mais ambíguos:
Sou a própria ambiguidade, o paradoxo do ser.
Sou o desvão de mim mesma que me quer apagar para ser o nada,
Mas que inconformada de ser pouco, surge
Do nada, ao nada. Do mundo, ao mundo.