Fragmentos de mim: Sem literatura, por enquanto

sábado, 23 de novembro de 2013

Sem literatura, por enquanto

Confesso que estou com saudades deste espaço, bem como das rotinas de ócio e sorrisos fáceis... Por isso, aqui retorno, embora não me encontre em condição alguma para produzir algo decente. Várias foram as tentativas de produzir algo que se assemelhasse a um poema ou prosa. Todas frustradas. Hoje, sinto que minha literatura sou eu mesma, sem metáforas, isenta de mímeses, despojada de toda e qualquer veia artística, se é que a tenho.
Definitivamente, hoje não sou poeta fingidor... Hoje eu não sei mentir.
Sem explicações, estou com sintomas de tristeza. Nada especial, mas não estou a fim de sorrisos. Até por que não seriam sinceros.
Perdida em meio às tempestades da alma, unida aos trovões e frustrações muito meus e somados às correrias da vida, indago-me em silêncio até que ponto vale a pena e até ponto eu caminho em direção ao topo... ou se o caminho não está sendo exatamente o contrário. A direção pouco importa. O que tenho encontrado pelo caminho, ao contrário, faz muito sentido e faz-me. 
Eis que o fim do ano está chegando e como todo fim do ano, as pessoas enchem-se de sentimentos melosos que, para ser sincera, irritam-me. Prefiro a melosidade do ano inteiro às manifestações súbitas e passageiras de amor eterno. É chegada, em mim, a fase dos pesos. Fecho-me para balanço e contabilizo os lucros e perdas ao longo do ano que espero ver terminar. 
Uma coisa é certa: Aprendi a ser mais lenta. Não adianta correr, pois querendo ou não, a vida nos manterá no ritmo dela. Minhas conquistas invisíveis ao mundo tem-me feito melhor, embora menos falante, provavelmente mais prudente e, por isso mais forte. 
Decepcionada. Isso sim, e muito. Descobri não ser tão boa em certas coisas como pensei que fosse. E é sempre um choque descobrir-se não tão bom, limitado, medíocre... É fundamental a dificuldade a fim de conquistar o sucesso, mas em meio às limitações, não sejamos hipócritas, a sensação é de fracasso mesmo.
Por outro lado, também me percebi melhor em outras coisas que, sequer, imaginei saber fazer... Das conquistas, as melhores foram as pessoas, especialmente as que permanecem em minha vida. Estão comigo e agora, sei que mais "comigo" que antes...
Aliviada, muito aliviada pelas pessoas que finalmente saíram de meu coração. Estava pesando e doendo carregá-las. Tanto que nem deixaram saudades. Apenas lembranças esporádicas, afinal o cérebro ainda está ativo, embora cansado.
Alguns, sem querer e nem saber, estão querendo habitar meu coração e estou cautelosa quanto a isso. Alguns me ensinaram e estão me ensinando a ser mais organizada, mais centrada, mais profissional e humana. Mesmo sem querer, há aqueles que estão a me puxar para o chão e me ensinando a andar com os pés firmes nele. 
A vida é um caminho árduo. Não sei se para todos é assim, mas para mim tem sido uma aprendizagem atrás da outra. Sentimentos e aptidões novas, desprendimento, liberdade e, como não poderia faltar, novas prisões.
Ainda falta um pouco para fechar o ano, mas estou certa que sairei dele mais humana, mais mulher, mais gente e mais segura de mim, embora ainda não saiba exatamente o que a vida quer de mim.

A todos os que compartilharam, estão compartilhando e compartilharão ainda comigo alguma lágrima, algum sorriso, alguma crítica ou algum trabalho,
Muito obrigada por até aqui...
E, por favor, não sejam melosos e carinhosos no fim do ano, Sejam o ano inteiro, mas APENAS se for para atender a um clamor de seu coração.

E antes que perguntem: Não, não estou triste, embora também não esteja feliz. Estou, talvez, apenas um pouco poeta. Apesar de, sem literatura, por enquanto...

3 comentários:

  1. Quanto mais profundamente mergulhamos no nosso "eu", percebo que mais descobrimos que somos apenas um pontinho nesse mistério da vida.
    Por mais contraditório que possa parecer, apesar dessas reflexões nos deixarem com mais perguntas ainda, essa consciência de nós mesmos, nos liberta.
    E são essas "conquistas invisíveis ao mundo" que nos torna pessoas melhores com a gente e com o mundo. É preciso amadurecimento para admitir "não ser tão boa em certas coisas" como a gente pensava que era.
    Para mim isso é autoconhecimento. Existem pessoas que passam a vida inteira sem saberem quem realmente são. Só as pessoas mais corajosas conseguem ultrapassar o medo de mergulhar no desconhecido rumo as questões psicológicas que são tão nossas.
    Dá trabalho, mas a sensação de leveza, bem estar e liberdade são incríveis.
    Agradeço por você ter proporcionado mais esse momento de reflexão. Grande abraço.

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    1. Ai, Alê, que coisa linda. Muitíssimo emocionada com seu comentário. Concordo com cada palavra sua. Vc tem poesia na veia, menina...Que bom ter pessoas maravilhosas como vocês para compartilhar minhas loucuras...
      O que seria de mim sem esses momentos. É verdade, a sensação de liberdade é fantástica... Quero mais, muito mais disso.
      Abraço carinhoso.

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