Fragmentos de mim: Coisas difíceis de entender...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Coisas difíceis de entender...

Há um horizonte infinito para além de nossas limitações. Há sensações que nunca conheceremos por mais intensas e múltiplas que sejam nossas descobertas.
Há coisas que são difíceis de entender e o são simplesmente por não as termos acessado devidamente ou, por nunca as termos acessado ao menos.
Somos seres limitados. Só entendemos aquilo que vivenciamos, sentimos queimar a pele e a alma. Muitas vezes, nem assim. Pouco a pouco, fui entendendo coisas que até hoje não compreendo como não enxergava, de tão óbvias que são. Recentemente, percebi que por mais tempo que eu viva, haverá coisas que não vou conseguir entender. Mas sinto-me aliviada por saber que isso é normal. O universo é grande demais para um ser humano entender. No entanto, precisamos desta consciência antes de submeter os outros ao crivo de nossas vivências.
A primeira vez em que esse insight de consciência me ocorreu eu já tinha mais de 25 anos. Eu conversava com uma amiga e ela me disse que eu via o bem nas pessoas na mesma medida em que ele está em mim.
Sinceramente, senti-me incomodada. Não por ela ter me elogiado, (porque foi num elogio) mas por ter parado para pensar em como a ingenuidade nos é danosa. É claro que não se deve buscar o mal nos outros o tempo inteiro, mas atitudes de vigilância são fundamentais, e as possibilidades de nos enganarmos com algumas pessoas são palpáveis de tão reais. E eu tinha a alma desarmada. Pior que isso, ingênua.
O que fazer, então? Bem, os caminhos da busca pelo equilíbrio não são fáceis, mas é preciso arriscar-se e perder a necessidade de parecer esperto. Livremo-nos do ego travestido de amor-próprio e inteligência. Sempre haverá alguém mais inteligente que nós, ou alguém disposto a tirar vantagem de algo ou alguém, mas certamente descansa mais em paz a consciência de quem foi enganado do que a de quem enganou.
Sejamos, portanto, verdadeiros! Quem não fala a verdade para si mesmo vai mentir para todos e vai receber mentiras em troca.
Amor não é fechar os olhos para os defeitos.  Amigos e amores que não suportam que enxerguemos suas fraquezas não durarão muito em nossa vida. Não se trata de se sentir superior e apontar ao outro suas fragilidades e falhas, mas de dar as mãos e seguir juntos. Porém há quem prefira a hipocrisia. E para todos haverá a lei do retorno! É a sintonia! Além disso, o amor-próprio consiste em querer, sinceramente, ser alguém melhor e não culpar o mundo por falhas que só cabe a nós corrigir. Não é autoflagelação ou masoquismo, é consciência das próprias falhas, é honestidade.
O mundo não gira em torno de nós! Ufa! Que alívio! Cada um de nós é só mais um no meio da multidão. Um ser único, cujas necessidades mais íntimas não precisam ser denunciadas para o mundo inteiro; cujo progresso é responsabilidade exclusivamente nossa.
O ideal é que antes de querer o mundo aos nossos pés, busquemos sustentar nas mãos as rédeas da própria existência e do equilíbrio necessário para sermos quem somos, para reconhecermos nossa própria alma. Já é suficiente.

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