Fragmentos de mim: Procura teu lugar, menina!

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Procura teu lugar, menina!

"Transcenda o ordinário. Renuncie ao extraordinário. Seja você mesmo(a): atreva-se a viver sua singularidade - ser original, ocupar "seu lugar" no "concerto das coisas", descobrindo o propósito de sua existência. Os seres sub-humanos (animais e vegetais) o sabem.

Benjamin Teixeira de Aguiar pelo espírito Temístocles.

Eis que no dia hoje cai uma chuvinha leve e descompromissada, como uma mensagem dos céus de que as minhas angústias serão levadas, minha alma será lavada e encontrará um aconchego de paz, que talvez signifique encontrar o meu lugar. Passei toda a infância e boa parte da vida adulta ouvindo e reproduzindo a frase do título: "procura teu lugar". Nem sempre com menção exclamativa, é claro. Em boa parte dos casos, a frase fazia parte de conselhos. Mas a questão de hoje é: o que isso significa?
Por razões que hoje eu não teria coragem de admitir para ninguém, acordei querendo ser outra pessoa, ou pior, eu acalentei no coração a vontade de que determinada pessoa não existisse... Percebi, depois, que o fato de essa pessoa existir ou não, não modificaria as coisas que ocorrem comigo. Eu me desloquei do meu lugar e está sendo doloroso reencontrar o caminho de volta. Entretanto, estou certa de que será preciso sangrar na abertura desse caminho, antes que eu sangre desesperada e inutilmente por não ter feito isso quando deveria.
Procurar nosso lugar no mundo talvez tenha a ver com viver realmente a própria vida, saboreando cada experiência única de aprender sem se colocar em comparação com os outros. Perdemos tanta energia lamentando o que não conquistamos, chorando o amor que não vivemos, a família que não construímos, o relacionamento que não conseguimos salvar, a paixão não correspondida, a casa não comprada, a viagem que não foi feita, o dinheiro que deixamos de poupar ou de ganhar (ihhh, a lista é infinita) que deixamos de valorizar o que conseguimos. Negligenciamos nossas qualidades. Somos cruéis com nós mesmos.
Na ânsia de sermos tão felizes como o outro - que por sinal nem sabemos se é feliz mesmo - deixamos de vivenciar e de valorizar nossas próprias lutas, nossas próprias conquistas. É preciso transcender, ir além de si mesmo, mas isso não significa querer ser o centro de tudo. Ser discreto é ser sábio. "Ah, mas isso pode significar nada para os outros". O que importa? Não é para os outros que tem que significar, é para nós mesmos. 
Nunca estamos satisfeitos. Isso é fato e nem sempre é ruim. É necessário querer mais, buscar sempre. No entanto, isso perde a validade se transformado em motivo de lamentação. As inquietações precisam ser molas propulsoras para frente, não motivos de autoflagelação. 
"Ah, mas eu perdi um ente querido..." Você estava feliz vendo essa pessoa sofrer? No mais, quem nunca perdeu alguém que atire a primeira pedra... "Não estou feliz na minha carreira profissional". Tem feito o que para mudar isso? "Não sou amado(a) como gostaria por determinada pessoa". Toda forma de amor é válida. Preferia nada? Ora, ora... deixemos de birra! Quem não consegue ser um bom amigo(a) não seria um bom companheiro(a).
Às vezes, procurar o nosso lugar pode nos quebrar inteiros por dentro...
Bancar o chateado(a), no entanto, não mudará as coisas, apenas garantirá uma rota de infelicidade gratuita e falta de aproveitamento da melhor maneira daquilo que a vida nos tem proporcionado, tantas e tantas vezes, tão além do que fazemos por merecer. Procura teu lugar no mundo e se isso te faz perceber que quebrou a cara... bem, junta os cacos e monta novo. Lembra que não pode jogar fora nenhum pedacinho, pois seria o mesmo que jogar a si mesmo(a) na lata de lixo. Junta tudo! Junta tudo e monta de novo e, de repente, você descobre que pode ser um quebra-cabeça bem divertido. Pode ser que seja preciso mais cola do que o normal, mas o importante é que será a sua melhor versão de todos os tempos.

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