Fragmentos de mim: Eu te reclamo em silêncio: Minha boca cala, meu espírito te chama

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Eu te reclamo em silêncio: Minha boca cala, meu espírito te chama

E eis que as almas afins reclamam-se mutuamente, mesmo que a mente se engane, engane, negue... O fato é que quando se tem uma ligação espiritual com alguém, os pensamentos se atraem, atraem a presença do outro, mesmo que um ou outro não queira assumir nem para si mesmo. E é assim que tem sido.
Assim também é o amor. Certa vez, disseram-me que somos especiais mesmo é para Deus. Concordei em partes, pois apesar de jamais comparar-me a Deus - por ser indigna de tal comparação - acredito que somos também importantes uns para os outros e que, por isso, reclamamo-nos mutuamente por meio de pensamentos carinhosos, lembranças doces ou mesmo amargas, bem como num desejo da alma de que aquela pessoa esteja bem... Mantemo-nos ligados uns aos outros de tantas outras formas que somente a vivência nos pode mostrar.
Apesar de limitados, somos importantes ou, no mínimo, alguém é importante para nós. E vejam como são doces, misteriosos e profundos os caminhos do espírito! Mesmo as pessoas que não nos correspondem, ainda assim, permanecem importantes a nós.
Há alguém assim, alguém que minha alma reclama, que deseja que esteja bem, mas que as relações interpessoais simplesmente anulam esse contato de forma concreta. Fica, portanto, no espaço mais verdadeiro: Em minha alma.
Impossível não se encantar em como é interessante é quando o pensamento chega a gritar pela pessoa, clamar por ela e ela, do nada, aparecer... Nem me dirige a palavra, mas aparece, e feito um ser que está do outro lado de um campo de força, transparente e intransponível, eu a vejo, sem podê-la tocar. Não nos falamos. Não consigo penetrar-lhe a alma, embora sinta que algo muito profundo reside ali.
É docemente triste perceber que como se eu fosse invisível, a pessoa ali permanece por algum tempo, retira-se como se eu não existisse e, em silêncio, agradeço a Deus por ela estar bem, ou ao menos aparentemente bem.
E lá no fundo da alma algo grita. Inquieta-me não ter certeza se ela ouve esse grito. Se ouve, ao menos, fisicamente, não responde. Acho que as almas comunicam-se de alguma forma, mas é profundo demais e, por isso, a consciência do corpo físico não consegue alcançar, não consegue visualizar de forma nítida...
É estranho...
No fim, algo fica... Algo de doce, de terno, que de tão verdadeiro não precisa ser visto nem ouvido com os sentidos do corpo físico, uma vez que é do Espírito que os verdadeiros sentimentos brotam, é nele que os verdadeiros sentimentos residem. Portanto, não precisam sair do âmago de nossa existência para serem o que são.
Eu sei, tenho certeza... Se a muralha transparente que nos separa continuar a existir onde o peso dos corpos físicos nos separa, um dia minha mão se estenderá para cumprimentar docemente a sua e eu sei, que nesse momento, haverá compreensão de todos os gritos que ora dispensam voz, mas que se concretizaram nos olhares trocados em silêncio e nas vezes em que o silêncio se fez/faz precipício entre nós.

2 comentários:

  1. Acredito que sempre existe alguém para outro alguém nesse mundo. E, penso mesmo que tudo tem seu tempo. Lembei-me daquela música "Oração ao Tempo" do Caetano Veloso:

    "Peço-te o prazer legítimo
    E o movimento preciso
    Tempo tempo tempo tempo
    Quando o tempo for propício
    Tempo tempo tempo tempo... "

    :*

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